Leonardo Boff

“Amazônia, santuário intangível da Casa Comum” (Parte 1)

Consequentemente as medidas deveriam ser assim implementadas.
1.Que se determinem legalmente os territórios suficientes para cada uma das diversas nacionalidades indígenas que habitam na Amazônia, considerando sua forma de viver e de interagir com a natureza.
2.Que a delimitação e a localização dos territórios seja tal que cada um constitua um refúgio seguro e a base de sustento e nutrição dos povos indígenas e a vida da Amazônia.
Que se aplique a estes territórios uma significativa moratória das atividades extrativistas que prejudicam a floresta, também das petroleiras e das mineradoras. Da mesma forma se discuta seriamente a implementação de plantações e de criação de gado que implicam desflorestação. Especialmente que se garanta a sustentabilidade para uma eventual abertura de estradas e de centrais hidrelétricas. Em fim, que cessem as intervenções predatórias tanto por parte dos governos quanto dos grupos econômicos interessados, nacionais e internacionais.
Que os povos indígenas possam exercer nestes territórios sua autoridade, no marco da autodeterminação, do autogoverno, da justiça ancestral de acordo com os usos e costumes e sua vida política, cultural e espiritual em plenitude, sentido-se parte da nação.
Os acordos e pactos internacionais ficaram sem eficácia porque não são obrigatórios para os países. Não se estabeleceram consequências para a sua não implementação. Aspiramos que o Sínodo possa demandar aos organismos internacionais para que peçam a aplicação efetiva e eficaz das resoluções tomadas.
Pedimos aos padres sinodais que atuem com energia para pedir que os estados que se comprometeram com seus compromissos em favor da Amazônia mediante a adoção de mecanismos idôneos, independentes do vai- e- vem das conjunturas políticas.
Desta forma, a Declaratória de Santuário, será um instrumento idôneo para salvaguardar os povos indígenas em isolamento voluntário. Eles constituem grupos humanos mais vulneráveis da Amazônia e do mundo, vítimas da violência do modelo econômico global, depredador, imposto. Ao mesmo tempo comparecem como um testemunho de resistência a esta globocolonização que uniformiza e mata a diversidade e a vida da humanidade e do planeta.

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