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As memórias de Arão

Prestes a completar 97 anos, Arão Silvino de Medeiros compartilha com os leitores do JL as lembranças de um morador que viu a transformação de Laguna, a trajetória de vida e os conselhos de quem está prestes a chegar ao centenário

Nascido e criado na comunidade do Bananal, no interior de Laguna, Arão Silvino de Medeiros chega aos 97 anos esbanjando saúde e vitalidade.

Morador do bairro Magalhães desde 1949, pai de Maria de Lourdes, Lucimar, Aroldo, Maria Aparecida Zulamar, Adilton, Adriano e Adilson, este último já falecido, ele conta aos leitores um pouco mais sobre suas lembranças e as imagens de uma Laguna não tão longínqua assim, mas que muito mudaram aos olhos do quase centenário.

Magalhães

“Me mudei em 29 de março daquele ano para essa casa, na rua Moreira Gomes e desde então aqui estou. O bairro evoluiu muito. Lembro da igreja de Navegantes, apenas com a escadaria e a capela. Acompanhei a construção de toda a estrutura até os dias de hoje. Integrei a irmandade da paróquia e tive a oportunidade de ser tesoureiro e presidente do CAEP por algumas vezes”.

Juventude

“Fui em muitos bailes, especialmente na Sociedade Recreativa 3 de Maio e aos domingos  adorava assistir o pessoal jogando futebol no campinho da praça Polidoro Santiago ,em frente à igreja do Magalhães”.

Carnaval

“Era um Carnaval muito animado, sem droga e de pouca ou quase nenhuma bebida alcóolica. Amigo de muita gente, fui um dos fundadores da Escola de Samba  Mangueira, ali do Morro, sempre presentes nos desfiles de carnaval. Quando tocávamos no Carnaval do 3 de Maio, saiamos do Clube e o pessoal vinha atrás, acompanhando a banda. Quando retornávamos o portão fechava e o público não podia mais entrar, e assim o baile era encerrado”.

Banda Carlos Gomes

“Entrei na banda em abril de 1947. Toquei piston (instrumento de sopro) por 46 anos. Viajei muito, toquei em muitas festas religiosas. Com a Carlos Gomes, tive a oportunidade de ir ao  Rio de Janeiro e São Paulo realizar apresentações. Em Laguna, fizemos muitos Carnavais e participamos das festas religiosas. Especialmente no carnaval, costumávamos fazer  um revezamento com outras  orquestas nos clubes Blondin e Congresso”.

Rotina

“Hoje escuto mais do que vejo, então dificilmente consigo assistir à televisão ou ler um jornal. Procuro ouvir rádio ou apenas acompanhar o áudio da TV. Gosto de descansar no começo da tarde. Não dispenso o meu café às 16 horas e depois me sento na poltrona e ali fico até o final  do dia”.

Porto

“Época boa, de ouro, quando entravam muitos navios, trazendo e levando cargas para todo o País e sempre enriquecendo a nossa economia. Lembro também  das locomotivas que transportavam o carvão, das minas de Criciúma em direção a outros centros. Não posso esconder que depois houve um retrocesso, o terminal sendo transformado em pesqueiro.

Outra boa lembrança dos tempos do porto, era a tradicional festa de Natal, com distribuição de presentes para os filhos dos portuários e  o grande presépio que se transformava numa grande atração para a cidade.

O porto sempre representou o resgate de valores. Ele tornou-se importante a partir de 1880, quando investidores ingleses construiram a Estrada de Ferro Dona Tereza Cristina, ligando o nosso porto às minas de carvão em Lauro Muller”.

Alimentação e hábitos

“Como de tudo. Nada me faz mal. Adoro tomar café e comer banana. Até uns dois anos atrás só tomava banho de água fria. Agora não posso mais, mas acho que é um dos segredos para longevidade”.

 

 

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