Gente de nossa terra

Astrid Ziegler de Lima

No último dia 19 foi comemorado o dia do artesão. E nada mais justo do que destacarmos uma representante da classe, que tem feito história na terra de Anita.
A blumenauense Astrid Ziegler de Lima percorreu uma longa trajetória até chegar em Laguna. Filha de dona Hilda e de “seo” Reinvaldo, a focalizada recorda os momentos de infância e juventude: “Ajudava meus pais na roça, nos afazeres da casa e tinha que tirar o leite da vaca. Não gostava muito. Tinha medo de levar um coice. Aos 14 anos fui trabalhar na olaria da família. Peguei no pesado mesmo, desde carregar carrinho de mão com tijolos, peneirar a matéria prima para prensar o tijolo, encher o forno, esvaziar e ajudava a carregar os caminhões”, recorda.
No currículo, ela ainda acumula experiências como revisora de peças em malharia, caseira, serviços em clínica de estética e no setor de departamento pessoal de uma transportadora. Com o casamento, ela passou a morar no Rio de Janeiro e começou então a desenvolver trabalhos manuais: “Residia em São Gonçalo. Com o nascimento da minha filha, Diane, ingressei no universo das pinturas de peças em MDF. Neste meio tempo, mudei para o Rio Grande (RS), onde fiz cursos de textura sobre tela, conquistei minha carteira de artesã e participei de muitas feiras e eventos”.
A chegada em Laguna foi em 2007, época em que conheceu o CRAS e iniciou o curso de pintura em tecido: “Comecei a vender minhas peças para conhecidos, amigos e parentes. Cerca de quatro anos depois, a proprietária do Lali´s Café, que funcionava no Mar Grosso, me pediu que criasse algo para dar de brinde aos clientes. Dei a sugestão de uma toalha pintada com a logo e uma xícara de café. Mas ela queria algo diferente e logo surgiu a ideia de canecas de cerâmica pintadas”.
A profissional, que até então nunca havia trabalhado com esse tipo de material, recebeu o arsenal necessário para as primeiras experiências: “Fui pesquisar sobre pintura em porcelana, liguei para uma empresa de tintas, falei com uma amiga que já pintava, meti a cara. E assim o café acabou se transformando no primeiro ponto de vendas da CanecArte”.
Sobre a produção, Astrid explica: “A peça a ser pintada deve suportar calor, pois vai ao forno. O tempo que levo depende do desenho, de quantas cores irei usar, dos detalhes. Vai de 50 minutos a algumas horas. Depois é o tempo de secar e ser queimada por 30 minutos na temperatura de 150 graus. Como trabalho muito com canecas personalizadas, isso é, o cliente me fala como quer, eu crio o desenho, pesquiso. Já quando é um desenho que faço sempre, como os pontos turísticos da cidade, consigo fazer na faixa de 30 canecas por dia”.
Quando questionada sobre o que mais lhe satisfaz na atividade, a artesã pontua: ” Poder personalizar uma peça que vai mexer com os sentimentos das pessoas, tocar o coração delas. É muito bom ver que os clientes recomendam meu trabalho. A oportunidade de vender em feiras e eventos aqui, e nas cidades vizinhas, e ter empresas parceiras que me apoiam só me realizam ainda mais”.
Apaixonada por Laguna, a esposa de Gildo revela o que lhe encanta na cidade: “Gosto de morar aqui por ser um lugar tranquilo, lindo, histórico, com belezas naturais, além de ter sido nesta terra que descobri a arte que tanto me encanta e me realiza”.
Para o futuro, os planos são muitos: “Quero estar cada vez mais estruturada, levando alegria através da minha arte. Pretendo aprimorar e trabalhar com pintura com forno profissional”, finaliza.

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