Geral

Astrofísico Lagunense desvenda a origem do vento de um buraco negro

Ao contrário do senso comum, os buracos negros não atraem e engolem tudo o que deles se aproxima. Na verdade, eles expulsam grande parte do gás do centro das galáxias. Isto ocorre graças ao vento de gás ionizado que é formado nas proximidades dos buracos negros. No caso dos buracos negros supermassivos, que existem no centro de grande parte das galáxias, eles emitem um vento que pode interagir com a própria galáxia moldando a sua evolução ao longo do tempo.

Um dos mistérios nunca plenamente entendido é como, onde e por que estes ventos são formados. Em trabalho que acaba de ser publicado na revista inglesa Monthly Notices of the Royal Astronomical Society os astrofísicos Daniel May Nicolazzi e João Steiner, da Universidade de São Paulo, respondem a estas questões na galáxia paradigmática NGC 1068, a primeira galáxia na qual um núcleo ativo foi descoberto, por ser o mais brilhante do céu.

Os autores mostram que o vento é formado em dois estágios. No primeiro estágio, a forte radiação eletromagnética proveniente do disco na vizinhança do buraco negro (vento primário) impacta o toro de poeira, localizado a 3 anos-luz do buraco negro. Esse impacto evapora o toro, ionizando e acelerando para fora parte do gás nele contido.

A segunda etapa de formação do vento, mais dramática, ocorre quando o vento primário e a presença de um poderoso jato de partículas, colimado por um forte campo magnético central, atingem uma grande nuvem de gás molecular (composto principalmente por moléculas de dois átomos de Hidrogênio), localizada a 100 anos-luz de distância do buraco negro, ainda no centro da galáxia (que tem um diâmetro de 100 mil anos-luz). A energia injetada nesta nuvem seria então espalhada através de um vento térmico (chamado vento secundário), sendo capaz de soprar o gás para regiões muito mais distantes do núcleo.

Os autores mostraram, ainda, que o vento formado em alta velocidade está confinado ao interior de uma geometria com forma de uma ampulheta, cujas “paredes” brilham na radiação emitida por gás de baixa velocidade.

A descoberta destes novos mecanismos preenche uma importante lacuna no entendimento de como as galáxias se formaram.

Para a realização deste trabalho, os autores usaram dados obtidos com óptica adaptativa no infravermelho, no telescópios de 8 metros de abertura do VLT – Very Large Telescope (ESO) e do Gemini Norte. A pesquisa recebeu apoio da FAPESP.

A história de Daniel

O lagunense Daniel possui graduação em Bacharelado em Física pela Universidade Federal de Santa Catarina (2008), mestrado em Astronomia pela Universidade de São Paulo (2011) e doutorado em Astronomia pela Universidade de São Paulo(2016).

Formação acadêmica/titulação

2011 – 2016 – Doutorado em Astronomia (Conceito CAPES 7).  Universidade de São Paulo, USP, Brasil. Título: Propriedades de núcleos ativos de galáxias observadas no infravermelho próximo com óptica adaptativa?, Ano de obtenção: 2016. Orientador: João Steiner. Bolsista do (a): Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, FAPESP, Brasil. Grande área: Ciências Exatas e da Terra. Grande Área: Ciências Exatas e da Terra / Área: Astronomia / Subárea: Astrofísica do Meio Interestelar / Especialidade: Meio Interestelar. Grande Área: Ciências Exatas e da Terra / Área: Astronomia / Subárea: Astrofísica Extragalactica / Especialidade: Galáxias.

2009 – 2011 – Mestrado em Astronomia (Conceito CAPES 7).  Universidade de São Paulo, USP, Brasil. Título: Análise de espectroscopia 3D de núcleos ativos de galáxias no infravermelho próximo e com óptica adaptativa.,Ano de Obtenção: 2011. Orientador:  João Evangelista Steiner. Bolsista do(a): Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, CAPES, Brasil. Grande área: Ciências Exatas e da Terra. Grande Área: Ciências Exatas e da Terra / Área: Astronomia / Subárea: Astrofísica do Meio Interestelar / Especialidade: Meio Interestelar. Grande Área: Ciências Exatas e da Terra / Área: Astronomia / Subárea: Instrumentação Astronômica / Especialidade: Processamento de Dados Astronômicos.

2004 – 2008 – Graduação em Bacharelado em Física. Universidade Federal de Santa Catarina, UFSC, Brasil.

Pós-doutorado – 2016 – Laboratório Nacional de Astrofísica, LNA, Brasil. Bolsista do(a): Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, CNPq, Brasil. Grande área: Ciências Exatas e da Terra.

Atuação Profissional

Clube de Astronomia de São Paulo, CASP, Brasil.

Vínculo institucional

2011 – 2011 – Vínculo: Visitor Professor, Enquadramento Funcional: Professor, Carga horária: 5

Outras informações

Curso de Princípios de Astronomia Extragalática. Universidade Federal de Santa Catarina, UFSC, Brasil.

Vínculo institucional

2009 – 2009 – Vínculo: Formal labor contract, Enquadramento Funcional: Monitor, Carga horária: 20

Outras informações

Monitor Presencial do Ensino à Distância (EAD) do Curso de Licenciatura em Física

Idiomas

Inglês – Compreende Razoavelmente, Fala Razoavelmente, Lê Razoavelmente, Escreve Razoavelmente.

Alemão – Compreende Razoavelmente, Fala Razoavelmente, Lê Razoavelmente, Escreve Razoavelmente.

Produção bibliográfica

Artigos aceitos para publicação

  1. MAY, D.; STEINER, J. E. ; RICCI, T. V. ; MENEZES, R. B. ; ANDRADE, I. S. . Digging process in NGC 6951: the molecular disc bumped by the jet. Monthly Notices of the Royal Astronomical Society (Print) , 2016.
  2. May, D.; STEINER, J. . Winds & Bubble in NGC 1068: a two-stage outflow revealed. Royal Astronomical Society. Monthly Notices, 2016.
  3. May, D.; STEINER, J. ; Menezes R. B. ; RICCI T. V. . The Architecture of the Active Galactic Nucleus of NGC 1068. Revista Mexicana de Astronomía y Astrofísica. Serie de Conferencias, 2016.
  4. MENEZES, R. B. ; DA SILVA, P. ; RICCI, T. V. ; STEINER, J. E. ; MAY, D. ; BORGES, B. W. . A treatment procedure for VLT/SINFONI data cubes: application to NGC 5643. Monthly Notices of the Royal Astronomical Society (Print) , 2015.
  5. MAY, D.; STEINER, J. E. ; RICCI, T. V. ; MENEZES, R. B. ; ANDRADE, I. S. . The interaction of the outflow with the molecular disk in the Active Galactic Nucleus of NGC 6951. Proceedings of the International Astronomical Union (Print), 2014.

Apresentações de Trabalho

  1. May, D.; STEINER, J. ; Menezes R. B. ; RICCI T. V. . The interaction of the outflow with the molecular disk in the active galactic nucleus of NGC 6951. 2014. (Apresentação de Trabalho/Congresso).
  2. May, D.; STEINER, J. ; Menezes R. B. ; RICCI T. V. . The Architecture of the Active Galactic Nucleus of NGC 1068. 2014. (Apresentação de Trabalho/Congresso).
  3. May, D.; STEINER, J. ; Menezes R. B. ; RICCI T. V. . The Architecture of the Active Galactic Nucleus of NGC 1068. 2013. (Apresentação de Trabalho/Congresso).
  4. May, D.; Menezes R. B. ; RICCI T. V. ; STEINER, J. . A molecular ring/disk in the AGN of NGC 4051?. 2012. (Apresentação de Trabalho/Congresso).
  5. May, D.; MENEZES R. B. ; RICCI T. V. . PCA Tomography of a K band data cube of NGC 4051. 2011. (Apresentação de Trabalho/Simpósio).
  6. MENEZES R. B. ; RICCI T. V. ; May, D. . Instrumental fingerprints in data cubes: identification and removal. 2011. (Apresentação de Trabalho/Simpósio).
  7. May, D.; Menezes R. B. ; RICCI T. V. ; STEINER, J. . Tomografia PCA aplicada ao AGN de NGC 3368. 2011. (Apresentação de Trabalho/Congresso).
  8. May, D.; RICCI T. V. ; MENEZES R. B. . Tomografia pca do cubo de dados NIR de NGC4051. 2010. (Apresentação de Trabalho/Congresso).

Participação em eventos, congressos, exposições e feiras

  1. XVII IAG Advanced School on Astrophysics: 3D spectroscopy and spectral synthesis. 2015. (Congresso).
  2. 3D2014: Gas and stars in galaxies: A multi-wavelength 3D perspective. The Architecture of the Active Galactic Nucleus of NGC 1068. 2014. (Congresso).
  3. IAUS 309 Galaxies in 3D across the Universe. The interaction of the outflow with the molecular disk in the active galactic nucleus of NGC 6951. 2014. (Congresso).
  4. GMT Science Workshop. 2013. (Oficina).
  5. XIV Latin American Regional IAU Meeting.The Architecture of the Active Galactic Nucleus of NGC 1068. 2013. (Encontro).
  6. 2012 Gemini Science and Users Meeting.A molecular ring/disk in the AGN of NGC 4051?. 2012. (Encontro).
  7. I NAT LEctures On Astrophysics – Collapsing or Colliding Systems: solving the galactic puzzle. 2012. (Encontro).
  8. 14º ENAST – Encontro Nacional de Astronomia.Buracos Negros em Núcleos Ativos de Galáxias. 2011. (Encontro).
  9. First International Symposium of Science with the SOAR Telescope.PCA Tomography of a K band data cube of NGC 4051. 2011. (Simpósio).
  10. Minicurso de IDL. 2011. (Encontro).
  11. XXXVI Reunião Anual da Sociedade Astronômica Brasileira. Tomografia PCA aplicada ao AGN de NGC 3368. 2011. (Congresso).
  12. Estratégias Retinianas de Codificação Visual/Psicologia Sensorial.Limiar da Visão. 2010. (Outra).
  13. XV IAG-USP Advanced School on Astrophysics – From Galaxy to Life. 2010. (Outra).
  14. XXXV Reunião Anual da Sociedade Astronômica Brasileira. Tomografia PCA do cubo de dados de NGC 4051. 2010. (Congresso).

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