Gabriela Pedroso

É problema seu

Há alguns dias eu conversava com alguns amigos sobre esses filmes apocalípticos, com um futuro sombrio para a humanidade. Realidades descritas por escassez, tirania e dominação dos fortes sobre os fracos. Durante a discussão, a opinião majoritária era a de que, caso realmente fôssemos assolados por um desastre ou catástrofe, ou uma guerra de proporções grandes o suficiente para destruir os sistemas atuais, o mundo acabaria dominado por pessoas egoístas e sem princípios, que fariam qualquer coisa para estar e permanecer no poder. Bom, não chega a ser muito diferente do que se pensa da política de hoje, certo? A vantagem é que, se analisarmos bem, todos esses filmes trazem em si uma mensagem de esperança, pois sempre há alguém, em um ponto da trama, que se rebela contra a opressão e luta por ideais de justiça, igualdade e liberdade. Aliás, não precisamos ficar no mundo da ficção: a nossa própria história está repleta de vozes que gritaram em oposição a situações de dor, sofrimento e segregação, ou seja, pessoas que perceberam que algo precisava ser feito e não se omitiram diante do desafio. Omissão. Deixar de fazer ou dizer algo. Em alguns casos pode ser até benéfico, confesso: é muito bom deixar de ofender alguém, omitir-se de ser violento ou agressivo e de exagerar na bebida. Porém, em boa parte das vezes também nos omitimos diante de problemas graves e estruturais que observamos nas nossas vidas, na comunidade, na sociedade em geral. E nos consolamos com frases condescendentes do tipo: “Não é problema meu”, ou “Eu não consigo mudar o mundo sozinho”. É verdade, você provavelmente não vai conseguir resolver tudo sozinho, mas como um grupo irá se reunir em torno de uma causa se todos ficarem quietos no seu canto? Se todos nós simplesmente esperarmos que algo seja feito, quem fará então? Entendeu agora o ponto? Isso é o que diferencia os grandes líderes como Gandhi, Nelson Mandela ou Martin Luther King Jr.: Eles não se omitiram diante dos problemas que vivenciaram e resolveram levantar suas vozes, tão alto e com tanta paixão que foi impossível ignorá-las. Afinal, era sim problema deles. Assim como é problema meu e seu. Talvez você não possa mudar o mundo sozinho. No entanto, existe uma pessoa que você pode mudar. Existe uma pessoa que pode se tornar a cada dia mais gentil, mais honesta, carinhosa e determinada. Existe uma pessoa que pode deixar de esperar e fazer o que deve ser feito. Que pode, diante de uma injustiça, colocar-se ao lado daquele que não consegue se defender. E assim, pouco a pouco, você deixa de se omitir e passa a assumir a responsabilidade de transformar a realidade ao seu redor, ao invés aguardar que alguém o faça em seu lugar. Você quer paz? Propague a paz. Quer justiça? Pratique-a. Descubra como seria o seu mundo ideal e lute por ele, à sua própria maneira, e jamais desista. Faça a sua parte na construção de um futuro mais próspero e feliz, e junte-se à corrente daqueles que, aos poucos, tornam-se parte da solução e ajudam a construir um lugar melhor.

Gabriela Besen Pedroso – www.immoderatus.com.br

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