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Entre botos e homens: a pesca cooperada da tainha em Laguna

Integrando a programação da Semana do Mar, que acontece no Sesc Pinheiros, em São Paulo, o fotógrafo Ronaldo Amboni, hoje, 7, das 17h às 18h30, participará de painel envolvendo a interação ente botos e pescadores.

Está prestes e se repetir um dos mais belos e intrigantes fenômenos naturais do litoral sul do Brasil: a pesca cooperada da tainha por homens e botos.

Durante o inverno, as tainhas migram em grandes cardumes das lagoas do Rio Grande do Sul em direção às áreas mais quentes do litoral sudeste para a desova, repetindo um ciclo de vida que faz a festa de inúmeras espécies marinhas e que, de certo modo, forjou a cultura caiçara do sudeste brasileiro.

As populações litorâneas, desde sempre, abandonam seus afazeres usuais para se dedicar à pesca abundante do peixe, que tem toda uma técnica, organização social e festas populares em torno dela.

Em Laguna, a pesca da tainha é feita de forma singular: homens e botos cooperam, entre si para resultados que isoladamente não conseguiriam

Debatedores

Rodrigo Claudino, oceanógrafo e coordenador técnico da ONG Oceana, Peter Nemeth, pesquisador associado ao NUPAUB/USP e autor do Glossário Caiçara de Ubatuba, Wellington Linhares Martins, pesquisador e especialista em gestão cultural, idealizador do projeto “Educar, Documentar e Valorizar para Preservar: Pesca Artesanal com auxílio dos Botos em Laguna” para o registro do Bem cultural, e Ronaldo Amboni, fotógrafo especializado em vida marinha.

Semana do Mar

A Cátedra UNESCO do Instituto de Estudos Avançados promove evento de divulgação científica e cultural sobre a conservação dos oceanos em parceria com a Revista Scientific American Brasil e Instituto Oceanográfico USP, com apoio do SESC.

Saiba mais sobre a Cátedra UNESCO para a sustentabilidade dos oceanos: https://jornal.usp.br/…/catedra-unesco-do-iea-promove-cons…/

O evento

Em comemoração ao Dia Internacional dos Oceanos, a Scientific American Brasil e o Instituto Oceanográfico da USP promovem uma semana de atividades de divulgação científica e cultural.

Toda a programação foi concebida para sensibilizar o público em relação às grandes questões da sustentabilidade dos oceanos e promover e difundir a cultura e mentalidade marítima.

Conhecer, resgatar e preservar o estilo de vida e as tradições destas culturas são desafios essenciais para a preservação da nossa identidade cultural e para o desenvolvimento de uma relação mais harmônica com o mar.

Recentemente foi descoberto um aterro de lixo, com no mínimo 600 metros de profundidade, distribuído em uma grande área do mar Mediterrâneo, próximo à Sicília. No golfo de Lyon, cientistas encontraram acumulação semelhante, mas com profundidade de até 2 mil metros. As ameaças à vida marinha e a quantidade alarmante de lixo nas águas, apesar de postas em segundo plano pelo homem, dão centralidade à discussão sobre o futuro dos oceanos. O professor do Instituto Oceanográfico (IO) da USP, Alexander Turra, em vista disso, propôs à Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e a Cultura (Unesco) a criação de uma cátedra no Instituto de Estudos Avançados (IEA) para o estudo da sustentabilidade dos ecossistemas marinhos e costeiros. O tema já tem grande alcance internacional, já que fauna, flora e microbiota dos oceanos têm um efeito importante sobre o equilíbrio da biosfera.

Com a proposta de Turra aceita, a Cátedra Unesco para a Sustentabilidade dos Oceanos foi inaugurada na quarta-feira, 5, durante o seminário O Futuro dos Oceanos. Parte da Semana do Mar, que comemora o Dia Internacional dos Oceanos, 8 de junho, o evento reune diversos perfis de especialistas no tema – como oceanógrafos, biólogos e jornalistas – para discutir quais são as ameaças à biodiversidade dos mares e como monitorá-las ou mesmo combatê-las. “Nosso objetivo é sensibilizar a sociedade, de maneira que ela estruture e articule a defesa dos oceanos. A qualidade desses ambientes tem reflexos diretos na própria vida humana”, declara o professor do Instituto Oceanográfico.

Segundo o oceanógrafo, existem muitos outros desafios além do lixo, que é apenas o mais visível. “Mudanças climáticas, sobrepesca, invasão de espécies exóticas, degradação de habitats exercem uma grande pressão sobre os oceanos.” Turra diz que o Brasil tenta caminhar no sentido das agendas internacionais há alguns anos, porém, com uma certa inércia. As intenções não se tornam iniciativas, seja pelo desenho institucional atual ou por dificuldades financeiras. Fora que “a (não) adesão do novo governo a essas iniciativas é preocupante. Dão sinais na contramão das mudanças climáticas, negando um conhecimento científico bem consolidado”, explica.

A cátedra, de acordo com o professor, é uma atividade paralela à estatal, com o objetivo de dinamizar essa ação preventiva em relação às águas. Além do fomento de uma pesquisa interdisciplinar e integrada às demandas da sociedade, seu intuito é levar o conhecimento dos oceanos à sociedade. “Em inglês chamam de ocean literacy, essa cultura marítima”, comenta Turra. Dessa maneira, os pesquisadores planejam se aproximar dos tomadores de decisões, “dos gestores de áreas de proteção ambiental, até governos estaduais, a fim de se refletir sobre despejo de resíduos sólidos, por exemplo.”

Nesse sentido, a revista Scientific American Brasil e o Instituto Oceanográfico da USP, com o apoio institucional do Sesc Pinheiros, oferecem a Semana do Mar, com quatro dias de atividades voltadas para a divulgação científica e cultural do mar dirigidas ao público em geral. O evento acontece no Instituto de Estudos Avançados e no Sesc Pinheiros, desde quarta-feira, 5, até domingo, 9, com transmissão ao vivo no site do IEA.

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