Letícia Zanini

Harmonia artificial

Em algum momento da sua existência você se viu na seguinte situação: você não queria cumprimentar alguém com beijos e abraços porque não nutria sentimentos positivos por aquela pessoa. Mas, em virtude de padrões sociais você agiu com cordialidade, certo? Certo!
Outra hipótese, você está em uma empresa e não suporta aquele colega de trabalho, mas é “obrigado” a ser cortês com ele. Lembra de alguma cena parecida? Qualquer semelhança é mera coincidência.
Segundo o sociólogo Durkheim, “o homem, como indivíduo, é produto da sociedade, sendo coagido, desde o seu nascimento, a cumprir seu papel na sociedade, e assim, acaba por tornar-se um ser social”.
Para se manter parte de um grupo, muitas vezes utilizamo-nos da “harmonia artificial” como instrumento de manutenção das relações sociais. Mas qual a qualidade destas relações?
É fundamental criarmos mecanismos que fortaleçam verdadeiramente as relações no ambiente de trabalho, transformar grupos em times é um grande desafio para quem faz gestão de pessoas.
Para a criação de um ambiente mais harmônico é fundamental que as pessoas construam vínculos de confiança. Sem confiança perdemos a nossa capacidade de sermos verdadeiros uns com os outros. Por isso, crie estratégias para que as pessoas se conheçam mais, aumentem seu grau de intimidade e conexão.
Quanto mais vínculo, menos as pessoas vão fazer de conta que tudo está bem, a tal da “harmonia artificial”. Sem contar que ambiente harmônico de verdade é onde as pessoas expressam suas opiniões, dão ideias e conflitam, pois sabem que há espaço para isso.
Se há confiança e conflito maduro, o próximo passo, segundo Patrick Lencioni é o comprometimento. As pessoas, começam a se comprometer com a floresta e não apenas com a sua árvore. Aqui, não buscam culpados, e sim, soluções. Mas essa responsabilização só acontece quando há clareza sobre o que se espera de cada um e como o papel de cada pessoa é responsável pelo resultado do time.
Na falta da harmonia artificial o que sobra é um time de pessoas que aprendem a aprender diariamente, que entendem que erros são partes de um processo de evolução. Na falta da harmonia artificial o que resta é um time que aceita desafios e que entende que precisa se preparar técnica e comportamentalmente para responder à altura dos desafios.
Se você vive em um ambiente onde a harmonia artificial é uma realidade, comece a mudança comportamental por você, seja autêntico, seja verdadeiro, não espere a mudança coletiva. Mas, não esqueça, para que a harmonia autêntica aconteça é necessário que haja integridade entre falar e fazer. Pense nisso!

Por Letícia Zanini – Master Coach, Psicóloga e Educadora Comportamental

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