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Homenagem póstuma a Álvaro Barros da Silveira

No momento em que o Conselho Estadual de Educação perde por óbito um dos seus mais ilustres colaboradores, em meu nome e do Presidente do CEE, Conselheiro Maurício Fernandes Pereira, ausente a serviço em Brasília – DF, prestamos honras póstumas ao pranteado Colega, Amigo e Conterrâneo ÁLVARO BARROS por sua partida para o Oriente Eterno, no dia 13 de julho de 2014. O que dizer nestes momentos de dor e saudade, apenas o consolo que ao homem, Deus lhe deu a vida. A vida pertence a Deus. A qualquer instante Ele a solicita de volta. É como ensina Dom Agostinho, o Bispo da Diocese de Nipona: “a vida é uma peregrinação de retorno à casa do Pai”. Da mesma forma estabeleceu o Eclesiastes, ao advertir que um dia, “quando o corpo volta a terra, o espírito retornará a Deus que o deu”. Mas há uma condição implícita nesta cessão da vida. É que ela não seja dedicada ao ócio. Ao não fazer, por mais que sejam os bens possuídos e suficientes para a pessoa bastar-se materialmente a si próprio. O apóstolo Paulo escreve aos Tessalonicenses e lhes diz em sua segunda carta que “se alguém não quiser trabalhar, não coma”. Também parece aquela história do Gênesis em que mesmo o casal Adâmico sendo senhor da mãe-natureza, onde aí poderia encontrar de tudo para a sobrevivência, mesmo assim ainda se fazia necessário “ganhar o pão de cada dia com o suor do rosto”. A vida, portanto, se destina à ação. Um instrumento do fazer. Uma oportunidade de produzir. O valor dela transcendendo do ter, para se localizar no ser sendo. A parábola dos talentos nos faz lembrar tal assertiva. O senhor, quando fez a avaliação da distribuição dos talentos, elogiou os que haviam em movimento os talentos recebidos, enquanto puniu severamente aqueles que guardaram a prenda que lhes foi confiada. Depois, vem-se a saber que a vida não se exercitará para o benefício apenas da pessoa em que ele está, como se essa pessoa isolar-se em si própria, e tudo fizesse e de tudo dispusesse apenas para si. Jesus Cristo ensinou, e seus discípulos deram repercussão a isto, que Ele veio para dar um novo mandamento: “o do amor ao próximo”. Mais tarde, em Madri, o filósofo Ortega y Gasset repetia o ensinamento, com a expressão – “eu sou eu e minha circunstância”. A pessoa não se limita em si. Ela terá compromisso além desta comarca do si só – com “a circunstância”. Ou, na forma da letra cristã, com o “próximo”. O filósofo Jeremy Bentham e seu conteporâneo Stuart Mill, economista, trataram do “utilitarismo” da vida e dos bens. E, já recentemente, João Paulo II abordou o assunto, em seu livro “Memória e Identidade”. O Papa traz à baila pensamentos de Tomás de Aquino respeitantes ao bonun honestum, ao bonum utile e ao bonum delectabile. Parece querer ensinar que o bem, para ter um filósofo honesto, não será destinado apenas ao deleite do possuidor, mas, para alcançar aquela condição, torna-se necessário ser útil a outros. Lembramos a sentença condenatória do avarento. Uma corda, muito grossa, pode até passar no orifício de uma agulha ainda que muito fina, mas o avarento terá as maiores dificuldades em conseguir ingresso na casa do Pai. Um Obreiro da Arte Real estará voltado, sempre, para a felicidade da pessoa humana – “o próximo”. Quem leu a Bíblia haverá de ter se deparado com esta advertência de que “o ser humano sozinho não é uma sociedade comum. Ela tem humanidade”. Tais condições serão, por conseguinte, compromissos de um homem justo e perfeito, o qual “toda ocasião que perde de ser útil, pratica infidelidade e em cada socorro que recusa comete perjúrio”, sendo a utilidade da vida, portanto, um inquestionável dever. Estes fundamentos pregou nosso Amigo e Colega Álvaro a contendo na sua extraordinária empreitada, colaborando com brilho através do seu permanente trabalho, em homenagem a principiologia do que aprendeu e exercitou no Conselho Estadual da Educação como instituição de fundamentos relevantíssimos na direção do crescimento da educação. Que o Grande Arquiteto do Universo lhe dê um lugar de honra no Oriente Eterno, em recompensa por tudo que nos proporcionou.

José Carlos Pacheco Conselheiro do CEE

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