Geral

Hotel Rio Branco entra na pauta

Durante um encontro na última quarta-feira(18), entre o vice-prefeito Júlio Willemann, representantes do IPHAN e do comércio, esteve em pauta a paralisação dos serviços de recuperação do antigo Hotel Rio Branco e do Mercado Público Municipal, além de problemas causados com carros de som e até fixa em algum ponto da cidade, vendedores ambulantes e o esperado estacionamento no centro histórico.
De acordo com Ana Paula Citadin, do IPHAN local, um auto de infração já foi emitido contra o proprietário do antigo Hotel Rio Branco, que não cumpriu o cronograma da obra, estabelecido desde 2016, onde havia se responsabilizado em promover a reforma, mesmo que de forma gradativa, deixando o prédio, hoje, em total abandono. Segunda Ana Paula, o proprietário estará ainda esta semana no órgão para esclarecer e definir todas essas questões.
O vice-prefeito Júlio Willemann garantiu que medidas serão tomadas afim de buscar a regulamentação da obra mediante o Instituto e a Prefeitura Municipal.
Com relação ao Mercado Público, Ana Paula relatou que o BNDES não está focado tão somente nas irregularidades vinculadas ao Memorial Tordesilhas e que a questão está relacionada a planilha orçamentária onde a Prefeitura Municipal está realizando todos os levantamentos necessários objetivando definir as questões técnicas da obra.
Willemann relatou que tudo está praticamente formatado e que buscará nos próximos dias a definição junto ao BNDES.
No encontro ficou ainda definido que algumas ações serão tomadas, juntamente com as entidades de classe, com o objetivo de solucionar os demais impasses relacionados aos veículos de sonorização e sonorização fixa, da mesma forma relacionada ao lixo e estacionamento. A recuperação do antigo Hotel Rio Branco possibilitará a renovação de um emblemático edifício e não se trata apenas de obra de restauração, pois os novos usos que serão dados, possibilitarão uma nova dinâmica a essa importante área da cidade, promovendo uma melhor qualidade de vida no Centro Histórico de Laguna.
Hotel Rio Branco
A sua edificação apresenta um dos mais antigos casarões de Laguna, e claro, de Santa Catarina. Trata-se de dois sobrados geminados, sendo: um mais antigo, com frente para a Rua Raulino Horn, que apresenta características arquitetônicas genuinamente luso-brasileiras, possivelmente datado do início do século XIX; e o outro, com frente para a rua Gustavo Richard, construído no final do século XIX, já apresentando elementos característicos do ecletismo, como a cobertura de telhas francesas, platibanda e elementos decorativos de inspiração neoclássica.
É de conhecimento público que o sobrado mais antigo já funcionou como farmácia e ponto de encontro da cidade. Segundo Saul Ulysséa em sua obra Laguna de 1880, o local foi “apelidado” pelo povo como a “esquina do ABC”, em consequência de serem as quatro esquinas ocupadas por pessoas com as iniciais ABC: Acácio e Américo, Bembem (Bessa) e Candemil, sendo Américo Antônio da Costa o proprietário do sobrado na época. Além deste uso, a edificação abrigou por algum tempo a sede do Clube Blondin Sociedade Recreativa.
Já o sobrado mais recente, voltado à Rua Gustavo Richard, abrigou por muitos anos um restaurante no térreo e um hotel semelhante a uma pensão no andar superior, chamado Hotel Rio Branco. Em função dessa utilização, os sobrados foram transformados em uma só edificação no segundo pavimento.
Alguns antigos cartões postais editados em Laguna por volta de 1905 apresentam os dois sobrados em seu provável aspecto original, notando-se, por exemplo, que a edificação luso-brasileira junto à rua Raulino Horn abrangia inicialmente também o sobrado geminado à sua direita, cuja fachada foi descaracterizada anteriormente ao tombamento do Centro Histórico de Laguna em 1985.
O imóvel é integrante do Centro Histórico tombado em âmbito federal (1985) e municipal (1979) o qual, por sua relevância e excepcionalidade no contexto da área tombada, é classificado pelo Iphan, na categoria de alto nível de preservação, denomidado proteção 1 (P1).
O estado de abandono
Em 2012, foi realizada pelo Iphan, Poder Público Municipal e Corpo de Bombeiros, uma vistoria técnica no local, visando atualizar as informações relativas ao seu estado de conservação. Diante da falta de manutenção, o imóvel vinha apresentando ano após ano, desde 2010, avançado estado de deterioração, sobretudo no andar superior que ainda era ocupado até o ano de 2012 pelo Hotel Rio Branco. A vistoria acarretou no processo de interdição justamente em função da precariedade das instalações.
De 2012 a 2015 o imóvel continuava em avançado processo de deterioração, inclusive colocando em risco a integridade física daqueles que ocupavam a edificação e as pessoas que transitavam pelo local. Por isso o IPHAN orientou o proprietário sobre as medidas necessárias para a recuperação da edificação, começando pela desocupação do andar térreo, e em seguida os procedimentos necessários para impedir o avanço da degradação do imóvel. Paralelamente a esta ação, o proprietário deveria apresentar um projeto de restauração completo.

Deixe seu comentário