Perfil

Joana de Oliveira Nobre Silva

Nos últimos dias, ganhou espaço nas redes sociais, um Challenge – espécie de vídeo publicado no Instagram – com o tema violência contra a mulher. A responsável pela criação foi a maquiadora Joana de Oliveira Nobre Silva, que aos 28 anos, conta aos leitores um pouco mais sobre como surgiu a ideia e sobre o segmento em que atua.
Filha da saudosa Flávia Nobre e Marco Aurélio Silva, a focalizada é formada em Maquiagem Profissional e Designer de Sobrancelhas e possui outros cursos na área e é formada também em Engenharia de Pesca pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC).
Conciliando as duas atividades, Joana atua na área da Pesca, contratada pela Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI), na estatística pesqueira do estado e na maquiagem, atendendo como maquiadora profissional no Lalinda Salão de Beleza.
Sua história no universo da make começou em 2017: “Fui diagnosticada com depressão. Perdi minha mãe para o câncer e minha vida profissional não estava me dando prazer. Em 2018, mesmo com todos os tratamentos necessários, eu ainda estava na mesma situação. Foi quando decidi procurar algo que me desse prazer, porque diante daquele cenário, nada me dava entusiasmo. Depois de pesquisar muito sobre vários cursos, pensei na maquiagem, pois sempre fui muito vaidosa, mas tinha dificuldade. Procurei um curso e fui realmente me identificando com aquele mundo. Meu dia a dia melhorou e minhas crises amenizaram. Eu definitivamente reconheci que aquela era minha arte, me sentia feliz e realizada quando colocava em prática tudo o que eu estava aprendendo”, recorda.
O início dos atendimentos para o público começou em seu apartamento: “Não imaginava que teria tantas clientes, mas surpreendentemente minha agenda começou a ficar muito cheia e não tinha mais como eu atender naquele espaço”.
Foi então que surgiu a oportunidade de montar seu studio: “Inaugurei em dezembro de 2018. Que sonho! O ano de 2019 foi maravilhoso, com muitos atendimentos. E 2020 iniciou de forma espetacular, porém, em março, eu e todo o mundo, nos deparamos com o tão inesperado Covid-19. Todos os agendamentos de maquiagem que eu tinha foram cancelados, incluindo os cursos de automaquiagem e curso profissional. Não apareciam mais novos agendamentos, as pessoas passaram a ter outras prioridades. Felizmente em meio a tudo isso fui convidada pelo Lalinda para integrar a equipe e optei por fechar o meu espaço”.
Atualmente, sua rotina é divida entre os trabalhos home office na área da pesca com os atendimentos mediante horários marcados no salão e ministrando cursos de maquiagem em casa: “É necessário se reinventar. Passei a usar mais as redes sociais, tento criar o máximo de conteúdo possível para entreter meu público alvo”.
Sobre o tema que a levou a fazer um Challenge, Joana conta como surgiu a ideia: “O caso de feminicídio que ocorreu em nossa cidade, e que chocou a todos, repercutiu muito e causou revolta em muitas pessoas, as quais me incluo. Ao ler uma postagem no Instagram me deparei com um comentário vindo de um homem que questionava o que ela não deveria ter aprontado. Discordei do pensamento e manifestei minha opinião. A reação do homem foi vir até o meu perfil e me mandar uma mensagem no privado me ameaçando fortemente e de forma covarde. Assim ele também fez com membros da minha família que foram tirar satisfações com ele, ameaçando-os de formas horríveis”, explica Joana.
A situação a fez refletir: “Foi então que me despertou a ideia de usar meu trabalho para causar impacto, comoção e alerta. Aproveitando que estamos no mês de agosto, e que é de combate a violência contra a mulher, criei um challenge. Eu já tinha produzido alguns anteriormente, mas eu queria dessa vez que ele tivesse um grande propósito. Que além de divulgar meu trabalho, mostrasse para quem eu alcançasse, que essa é uma realidade mais comum do que podemos imaginar, e que temos que encorajar as mulheres a denunciar as agressões enquanto é tempo, para que não seja mais uma vítima de feminicídio no Brasil e no mundo. Lembrando que a agressão não é somente física. A agressão muitas vezes começa de forma psicológica, que te diminui, te fere por dentro, te fere na alma”.

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