Leonardo Boff

O princípio da auto-destruição e o combate ao Covid-19 (2ª parte)

Cresce mais e mais a percepção geral de que a situação da humanidade não é sustentável. A continuar nessa lógica perversa, vai construindo um caminho na direção da própria sepultura.
Demos um exemplo: no Brasil vivemos sob a ditadura da economia ultra neoliberal com uma política de extrema direita, violenta e cruel para com as grandes maiorias pobres Perplexos, assistimos as maldades que foram feitas, anulando direitos dos trabalhadores e internacionalizando riquezas nacionais que sustentam nossa soberania como povo.
Os que deram o golpe contra a Presidenta Dilma Rousseff em 2016 aceitam a recolonização do país, feito vassalo da potência dominante, os USA, condenado a ser apenas um exportador de commodities e um aliado menor e subalterno do projeto imperial.
O que se está fazendo na Europa contra os refugiados, rejeitando sua presença na Itália e na Inglaterra e pior ainda na Hungria e na catolicíssima Polônia, alcança níveis de desumanidade extremamente cruel. As medidas do Presidente norte-americano Trump arrancando os filhos de seus pais imigrantes e colocando-os em jaulas, denota barbárie e ausência de qualquer senso humanitário.
Já se disse, “nenhum ser humano é uma ilha… por isso não perguntem por quem os sinos dobram. Eles dobram por cada um, por cada uma, por toda a humanidade”. E como dobram face aos milhares de brasileiros ceifados pelo Covid-19 pela incúria, impiedade e desprezo de nosso presidente.
Se grandes são as trevas que se abatem sobre nossos espíritos, maiores ainda são as nossas ânsias por luz. Não deixemos que essa demência acima referida detenha a última palavra.
A palavra maior e última que clama em nós e nos une a toda a humanidade é por solidariedade e por com-paixão pelas vítimas, especialmente nesse tempo atroz sob o Covid-19, é por paz e sensatez nas relações entre as pessoas, livres do ódio, dos fake news que envenenaram a atmosfera social.
As tragédias dão-nos a dimensão da inumanidade de que somos capazes. Mas também deixam vir à tona o verdadeiramente humano que habita em nós, para além das diferenças étnicas, ideológicas e religiosas. Esse humano em nós faz com que juntos nos cuidemos, juntos nos solidarizemos, juntos choremos, juntos nos enxuguemos as lágrimas, juntos oremos, juntos busquemos a justiça social mundial, juntos construamos a paz e juntos renunciemos à vingança e todo tipo de violência e guerra.
A sabedoria dos povos e a voz de nosso coração nos testemunham: Não será o descaso de nosso Presidente face às milhares de mortes pelo Coronavírus que nos fará desanimar e exigir a sua interdição por não saber governar e cuidar da vida de seu povo. Não é um Estado que se fez terrorista como os Estados Unidos sob o Presidente norte-americano Bush e continuado até Trump que irá vencer terrorismo. Nem é ódio aos imigrantes latinos difundido por Trump que trará a paz. É o diálogo incansável, a negociação aberta e o acordo justo que tiram as bases de qualquer terrorismo e fundam a paz.

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