Letícia Zanini

Presenteísmo: a ausência presente

A relação entre o homem e o trabalho é sempre uma relação complexa. Uma série de fatores se conectam e influenciam essa relação como pensamentos, emoções, conflitos, lideranças, cultura, ganhos e perdas. Todas elas influenciam o comportamento do homem diante de seu trabalho.
Dentre os vários fenômenos existentes nessa relação o Presenteísmo é um exemplo dessa vivência. Mas o que é presenteísmo? É uma resposta como uma condição de presença física do trabalhador em seu posto de trabalho, mas não necessariamente, uma presença integral, ou seja, o trabalhador se encontra total ou parcialmente desconectado do sentido do trabalho, tanto quanto envolvido por outros fatores, que podem ser de ordem física ou psicológica e que, portanto, desviam sua atenção, concentração e criatividade do trabalho para as questões pessoais.
Assim, o colaborador se abstrai, mascara sua presença, divide sua atenção e passa a realizar com menor entrega e eficácia seu trabalho.
Para compreendermos o presenteísmo, precisamos entender “onde”, “como” e “quando” ele ocorre no mundo do trabalho.
No mundo do trabalho vivemos um cenário onde há muitos componentes como aspectos emocionais, intensidade e tempo de trabalho, exigências emocionais, conflito de valores, autonomia – falta ou excesso- e cultura organizacional. Todos esses aspectos podem influenciar diretamente no presenteísmo que nada mais é do que uma presença ausente. O colaborador não falta ao trabalho – isso é absentismo. Mas sua presença também impacta na produtividade e na qualidade das ações já que há uma dissociação do indivíduo com seu trabalho.
Segundo pesquisas, na maioria das vezes, o trabalhador presenteísta trabalha cinco horas a menos por semana do
que um trabalhador que não apresenta esse fenômeno. Isso acontece porque as pessoas adoecem em relação ao trabalho e não conseguem abrir mão do mesmo por medo da perda de emprego, perda de oportunidades de crescimento na carreira, pressão pelas metas e produtividade, etc.
Por isso, é fundamental que as organizações desenvolvam políticas de desenvolvimento humano focado em promover saúde e promover nas pessoas a capacidade de fazerem parte de um propósito maior do que apenas entregar as tarefas do dia a dia. O ponto da virada irá acontecer quando as organizações deixarem de gerir trabalhadores como “recursos” e passarem a gerir trabalhadores como “pessoas”. Pense nisso.

Por Letícia Zanini – Master Coach, Psicóloga e Educadora Comportamental

Deixe seu comentário