Aquicultura e Pesca

Tainha: Características biológicas e vulnerabilidades

A tainha (Mugil liza) tem um ciclo de vida que a torna particularmente frágil à pesca intensa. Depois de viver seu primeiro ano no mar, ela entra nos estuários e lagoas costeiras, onde cresce até 4 a 6 anos, quando atinge a idade adulta. A partir daí, a cada outono, machos e fêmeas formam grandes cardumes de para empreender uma longa jornada: a migração reprodutiva no mar. Cada tainha vai desovar até 5 milhões de ovos, que dependerão do acaso para serem fecundados, formarem pequenos juvenis, que se dirigirão para os estuários, onde crescerão e fecharão o ciclo da vida. A chamada safra da tainha é a pesca entre abril e julho, durante a migração reprodutiva da espécie, Quando se capturam os peixes adultos, inviabilizando totalmente a reprodução. Isso porque as ovas das fêmeas, antes da desova e fecundação no mar, são muito valorizadas no mercado exterior, principalmente em países da Europa e da Ásia.
O estoque sul desta espécie migra anualmente de estuários na Argentina, Uruguai e Rio Grande do Sul, no Brasil, podendo chegar até o Espírito Santo, dependendo das condições climáticas. Há estudos que reconheceram animais deste estoque no nordeste brasileiro. Após a desova, as larvas e pré-juvenis de tainha, assim como a maioria dos adultos, retornam para os estuários, onde permanecem até a idade de maturação, quando realizam, novamente, a migração reprodutiva.
A espécie é explorada, ao longo do ano, por pescadores artesanais, em ambientes estuarinos, que são suas áreas de berçário e alimentação. No período de migração reprodutiva, entre abril e julho, por pescadores artesanais e industriais, que exploram esses cardumes no mar, que é sua área de desova.
Riscos
Há, ainda, um risco de a diminuição do estoque de tainha estar subestimada, por causa da baixa qualidade dos dados e por causa de um fenômeno conhecido como hiperestabilidade: uma aparente estabilidade do rendimento da pesca, mesmo quando a abundância populacional está diminuindo. A hiperestabilidade ocorre quando se explora uma espécie que forma grandes cardumes, como é o caso da tainha. À medida que a população é removida, os cardumes tornam-se cada vez mais densos, aumentando a capturabilidade da espécie, fazendo com que a produção pesqueira mantenha-se constante ou até mesmo aumente, apesar do estoque enfrentar diminuição.
Fonte: http://brasil.oceana.org/pt-br/protegendo-tainha/tainha-caracteristicas-biologicas-e-vulnerabilidades

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