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02/02 – Dia de louvar Iemanjá – tradição em Laguna

Há 52 anos é reverenciada nas praias de Laguna

Os festejos a Iemanjá é uma das mais populares e valorizadas homenagens feitas pelos adeptos das religiões de matrizes africanas. Muito apreciada pelos simpatizantes, a multidão costuma ir à beira da praia pular as sete ondas e fazer seus pedidos.
Laguna também mantém a tradição.Vale lembrar, que nos tempos áureos, a data era comemorado na virada do ano, no dia 31 de dezembro, aonde muitos devotos, simpatizantes e adeptos das religiões de matrizes africanas iam à praia homenagear a Rainha do Mar.
Vários terreiros de Laguna e de toda região vinham render suas homenagens em nossas praias. Com isso, as faixas de areia das praias lotavam de devotos e simpatizantes.
Aqui, os festejos a Iemanjá iniciaram no ano de 1968. Os primeiros terreiros que organizaram as celebrações foram a Tenda Espírita São Jorge, da chefe de terreiro da saudosa Paula Zeferino da Rosa, que realizava na praia do Iró e a Tenda Espírita São Sebastião da Ialorixá Florisbela Nascimento dos Santos, também de saudosa memória,na praia do Mar Grosso.
Em 1974, o Babalorixá Gilberto Bullos Remor, da Tenda de Umbanda Caboclo Guarani começou os festejos na praia do Mar Grosso (em frente ao antigo Calçadão), dando maior visibilidade a festa. Na época, também era realizada uma procissão. A imagem saia do centro da cidade, onde estava localizada a sede. Os adeptos e simpatizantes caminhavam pelos bairros em direção à praia, onde era construído o barracão com altares.
No dia 2 de fevereiro também eram realizadas homenagens nos Molhes da Barra, pedindo “calmaria” para o ano que recém havia começado.
A visibilidade dos festejos a Iemanjá em Laguna ganharam força em 1978, com o II Congresso Catarinense de Umbanda. A iniciativa partiu da Secretaria de Turismo.
Na década de 1986, já era tradição a Prefeitura de
Laguna organizar o que considerava a maior festa de
Iemanjá de todos os tempos. O então prefeito, João
G. Pereira, afirmava que o evento já fazia parte do
calendário turístico da cidade.
Até o ano de 1996, a notoriedade da festa era grandiosa. Com o aumento de turistas em nossa cidade, Laguna começava a se organizar nas festas de virada do final de ano, no balneário Mar Grosso. Os festejos a Iemanjá começaram a declinar no final dos anos 90.
Os praticantes das religiões de matrizes africanas começaram a realizar suas homenagens mais afastadas do público e/ou em suas terreiras com receios de represálias e zombarias.
No ano 2004, a Tenda da Fraternidade Espírita Afro Brasileira e Cultural do Vô Inácio da Guiné do Babalorixá Alcides Bosa, já falecido, buscou dar continuidade aos festejos, mantendo a tradição da festa a Iemanjá na praia do Mar Grosso, o que perdurou até 2008.
Em 2012, a Tenda de Umbanda Caboclo Sete Flechas, de Tubarão, do cacique de umbanda Valdinei Machado, resgatou as homenagens a Iemanjá na praia do Mar Grosso, onde muitos terreiros de Laguna e região participavam.
A homenagem contava com carreata, com uma estátua de Iemanjá e a “engira” acontecia em meio a um mar” de lagunenses, lagunistas e turistas que apreciavam o evento.
A cada ano, trazia uma mensagem contra a intolerância religiosa e ao final os assistentes recebiam um descarrego da rainha do mar.
Em 2017, tramitou na Câmara Municipal de Laguna o projeto de Lei nº 0012/2017 que instituiu o dia 2 de fevereiro como dia de Iemanjá, que declara como patrimônio imaterial do município de Laguna os cultos religiosos de matriz africana. Uma vitória ao povo de matriz africana em meio de tanta intolerância que vem acontecendo em nosso país.
Como a Festa de Iemanjá atualmente declarada patrimônio imaterial do município de Laguna, as homenagens acontecem no dia 2 de fevereiro. Vários terreiros de Laguna e região utilizam nossas praias para reverenciar a Rainha do Mar, enquanto alguns fazem suas homenagens dentro de suas terreiras.
Este ano, a homenagem à Iemanjá está na programação do Laguna Summer 2020, promovido pela Fundação Lagunense de Cultura, onde o SOI (Superior Órgão Internacional de Umbanda e Cultos Afros) está organizando e apoiando com seus afiliados de Laguna e região.
Iemanjá é um Orixá Feminino das religiões de matrizes africanas. Seu nome deriva da expressão Yorubá Yeyé Omo Ejá que significa Mãe cujos filhos são peixes. Tem forte sincretismo com Nossa Senhora dos navegantes.
(Com a colaboração do Babalorixá Fabrício Santos Coordenador Regional SOI Laguna)

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