Em Laguna, a tradição faz a alegria das crianças.
O dia 27 de setembro é uma das datas mais importantes para os adeptos das religiões de matriz africana.
É dia de festa!
É dia de ver a criançada na rua correndo atrás de saquinhos de balas…
A distribuição neste dia é uma tradição de anos que o povo lagunense convive. Filas gigantescas se formam nas portas dos que fazem a alegria da criançada.
Neste dia, é aquela correria. Crianças, jovens e adultos desde cedo, percorrem de um bairro para o outro com mochilas nas costas.
Não é preciso ser umbandista ou candomblecista para distribuí-las. Basta, apenas, ser devoto de São Cosme e São Damião para montar os saquinhos com guloseimas e entregar as crianças.
Mesas de inocentes, também, são ofertadas neste dia em pagamento de uma promessa feita em intercessão a São Cosme e São Damião.
Se a distribuição dos doces é por pagamento de uma promessa, isso para a criançada não importa. O que importa é pegar aquele saquinho de balas e quem distribui ver a alegria das crianças correndo com os doces nas mãos.
A entrega é feita com muito amor e carinho. É um momento de muita luz e esperança. Doar e receber são atos de caridade. É um ato de amor.
É reviver a inocência das crianças e alimentar a esperança de um mundo mais humano.
É sentir no coração o amor universal.
Quem foi Cosme e Damião?
Cosme e Damião eram médicos que curavam os enfermos não só com seu saber, mas através de milagres proporcionados por suas orações. Não aceitavam nenhum pagamento por seus serviços e foram por isso chamados de anargiras (avessos ao dinheiro). Quando a perseguição de Diocleciano começou, o prefeito Lísias mandou prender Cosme e Damião e ordenou-lhes que se retratassem. Eles se mantiveram constantes sob tortura e, segundo a lenda, não sofriam nenhum ferimento por água, fogo, ar, nem mesmo na cruz, até que foram decapitados por uma espada. A execução ocorreu em 27 setembro, provavelmente entre 287/303 d.C. Cosme e Damião são considerados os patronos dos médicos e cirurgiões e por vezes são representados por emblemas médicos.
Cosme e Damião, quem é Doum?
Uma característica marcante na umbanda, em relação às representações de são Cosme e são Damião, é que junto aos dois santos católicos aparece uma criancinha vestida igual a eles. Essa criança é chamada de Doum, que personifica as crianças com idade de até sete anos, sendo ele o protetor das crianças nessa faixa de idade.
A história de Doum está cercada de lendas:
Uma lenda diz que Cosme e Damião na verdade eram trigêmeos. Doum desencarnou ainda muito novo, e a partir de então Cosme e Damião se dedicaram a medicina e às crianças, por ele.
Outra lenda é, na verdade uma crença dos umbandistas; que para cada dois gêmeos que nascem um terceiro não encarna neste mundo. Mas, embora não apareça de forma física, Doum também é venerado e respeitado como parte da família dos ibejis, considerado “aquele que não veio”.
Outra lenda conta que, Cosme e Damião encontraram um menino pedindo esmola. Ao perguntar o nome do menino, ele só respondia: dá um, dá um. Cosme e Damião o acolheram e juntos, os três, realizavam as curas. O nome do terceiro ficou Doum.
Na Umbanda, qual orixá representa?
Nas religiões de matriz africana, Umbanda e Candomblé, é considerado o protetor das crianças. Sua saudação é Oni Bejada que significa “Senhor dos gêmeos”. Estão associados ao Orixá Ibejis, gêmeos amigos das crianças que trazem bem estar por onde passam.
Possuem conhecimento de desfazer feitiços e auxiliam na cura de enfermidades e trazem alegria, deixando harmonia e felicidade no ambiente a sua volta (descarregando o ambiente de energias densas) trabalha na caridade, auxiliam principalmente, pessoas em situações de desamparo, fragilizadas, como crianças, idosos, enfermos e como trazem a energia alegre leve e inocente das crianças consigo , gostam de doces, frutas doces e guloseimas.
Salve as crianças! Salve 27 de setembro.
( Por Babalorixá Fabrício Santos Abassá de Iansã)