Egeu César Barreto, segundo filho do casal Angelina Bascherotto e César de Bittencourt Barreto, nasceu em Laguna em 15 de outubro de 1937. Seu pai César era muito conhecido por ser o proprietário de um Café no centro histórico, sendo uma pessoa extremamente generosa. Egeu cresceu junto com seus amigos lagunenses e com eles estudou, concluindo em sua terra natal os ciclos primário (Colégio Stella Maris) e secundário (Ginásio Lagunense). Foi o farmacêutico Alceu Medeiros, quem orientou Egeu a prestar exame vestibular para a faculdade de Medicina no Rio de Janeiro. Apesar de muito concorrido, Egeu foi aprovado e se mudou para a cidade maravilhosa. Em seus anos de graduação, trabalhou na Caixa Econômica a fim de complementar a mesada que seu pai lhe mandava de Laguna. Depois de formado, trabalhou por seis meses para o governo do Estado da Guanabara sem receber um centavo, pois aquele governo estava falido. Então, um golpe do destino lhe mudaria a vida: um de seus melhores amigos havia obtido uma bolsa de especialização nos EUA. No entanto desistiu de usufruí-la, pois estava noivo, optando pelo casamento, cedendo a oportunidade a Egeu. Com cem dólares emprestados de seu irmão e de carona em um avião da Força Aérea Brasileira, Egeu chegou a Nova York. Ele tinha um inglês razoável, mas seus primeiros dias na América foram difíceis: ele não entendia os americanos e estes também não o compreendiam. Em sua primeira semana na “Big Apple”, Egeu sentou-se na calçada da quinta avenida e chorou. Com o passar dos dias, suas habilidades de comunicação foram melhorando; ele foi recebendo bolsas de estudos e, dedicando-se inteiramente ao trabalho. Especializou-se em Cardiologia. Instalou-se em Phoenix, Arizona, cidade procurada por pessoas da terceira idade por seu clima amigável e, portanto, havendo grande demanda de cardiologistas. Lá constituiu sua família com Phyllis Gun Barreto, que lhe deu cinco filhos e vários netos.
Egeu respeitava à generosidade. Juntamente com seus colegas, auxiliou na implantação de um barco-clínica que navegava o rio Amazonas, prestando assistência médica à população ribeirinha; atendia pacientes no México gratuitamente em uma comunidade carente. Logo, na clínica improvisada deste lugar, formou-se uma enorme fila que fomentou o comércio local: serviços de manicure, barbearia, vendas de vestimentas e sombreiros eram prestados aos pacientes que aguardavam para serem atendidos. Havia um cachorro vira-lata que entrava e saía da clínica e Egeu, vendo o estado de saúde do animal, providenciou para que ele fosse vacinado…
Quis o destino que tão generoso médico fosse acometido de câncer no rim. Tratado com o que havia de mais moderno, Egeu viveu mais treze anos após o diagnóstico da doença.
Após sua morte, manifestações de gratidão surgiram de diversos lugares. Foram entidades e pessoas que dele receberam a mão estendida para uma ajuda.
Este foi Egeu Barreto: um médico completo. Inteligente, competente, caridoso, dedicado a amenizar o sofrimento humano. O brilhante e generoso lagunense que conquistou a América. Faleceu em 9 de fevereiro de 2006.