Numa fase em que o país mais precisa de homens com estatura moral, capacidade e diálogo, eis que perdemos na segunda feira (2) o Magnífico Reitor Doutor Luiz Carlos Cancellier de Olivo ou… OS DIAS CONTINUAM ASSIM, claro fazendo menção à série da Rede Globo, que recém foi exibida, apresentando um recorte da ditadura militar e a redemocratização e compondo cartaz exibido durante a Sessão Solene Fúnebre do Conselho Universitário no Centro de Eventos e Cultura, completamente lotado, em homenagem póstuma e onde fizeram manifestações, entre outros, o nosso vice governador Eduardo Pinho Moreira (“a notícia me causou uma mistura de sentimentos de perplexidade, sofrimento e indignação pelo que chamo de injustiça cometida contra um homem de bem. Ações excessivas de órgãos fiscalizadores geram injustiças e essa -morte de Cancellier-, talvez tenha sido a maior delas”), ex-senador Nelson Wedekin (que falou em nome da família Cancellier, dizendo entre outras palavras, que “mãos visíveis e invisíveis o empurraram das alturas, mãos que sabem o que é vingança, mas não sabem o que é justiça. Pessoas que acham que presunção de inocência é inútil ornamento da lei”, criticou), o egresso Eduardo Moraes, diretor Arnoldo Debatin Neto, do Centro de Comunicação e Expressão da UFSC, Rogério Cid Bastos, Rosi Corrêa de Abreu, Gregório Varvakis, desembargador Lédio Rosa de Andrade (que relembrou os tempos de menino na rua Santos Dumont, em Tubarão, onde também residia a família de Cau, afirmando que “é preciso ir até as últimas consequências para apurar as arbitrariedades. Como professor da UFSC, tenho alegria; como desembargador, tenho vergonha”), professor Aureo Moraes (“desde 14 de setembro (dia da prisão) vivemos uma indignação contida, insuportável, uma revolta abafada, as humilhações e o o linchamento midiático”), ex-reitor Ernani Bayer, Emmanuel Zagury Tourinho, presidente da Associação Nacional de Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior-ANDIFES e reito da Univesidade Federal do Pará e a reitora em exercício Alacoque Lorenzini Erdmann, com todos destacando o jornalista, jurista, professor, gestor público e ser humano. Ao final, o Madrigal e a Orquestra de Câmara da UFSC tocaram o hino da universidade e a música Blackbird, dos Beatles, a mesma que foi tocada na posse de Cau em 2016. Além de familiares (o filho Mikail e os irmãos Acioli e Júlio) lá também estava o ex-prefeito de Tubarão, Miguel Ximenes de Mello Filho, de quem por três anos, foi diretor de Gabinete de Imprensa. Foi sepultado no Cemitério Jardim da Paz, em nossa capital.
O conhecido Cau, que estava completando um ano de reitoria, foi preso (por um dia) suspeito de que ele poderia estar obstruindo as investigações e não por desvio de recursos. Ele não era acusado de qualquer ato de corrupção. Logo ele que pregava e muito o contraditório. Era tolerante, ético, solícito, humilde e conciliador.
Em Laguna
Em 2016, após assumir o comando da UFSC, o diretor do JL e diretor regional da Associação Catarinense de Imprensa, Márcio Carneiro, convidou o reitor para uma palestra com a imprensa regional, que aconteceu dia 29 de julho de 2016, inicialmente na Praça Jerônimo Coelho e depois no Laguna Tourist Hotel, quando falou sobre a nova trajetória da UFSC, sempre em companhia de seu chefe de Gabinete, Áureo Moraes e de seu irmão, o também jornalista Júlio Cancellier de Olivo.
Luiz Carlos Cancellier de Olivo, nascido em Tubarão, em 13 de maio de 1958, ingressou em 1977 no curso de Direito da UFSC. Como universitário engajou-se no movimento estudantil, que era um foco de resistência à ditadura militar. Interrompeu os estudos para trabalhar como jornalista, em “O Estado” (Florianópolis) e em Brasília, assessorando parlamentares catarinenses. Também participou ativamente das campanhas pela anistia, pelas diretas-já, pela eleição de Tancredo Neves e pela Constituinte, além do movimento Fora Collor. Em 1996, retomou os estudos, concluindo a graduação em Direito e fazendo em seguida mestrado e doutorado na mesma área. Foi professor e diretor do Centro de Ciências Jurídicas (CCJ) da Universidade.
Publicou livros e artigos sobre temas jurídicos e exerceu uma série de atividades ligadas ao Direito Administrativo e à Administração Pública. Na campanha vitoriosa para a Reitoria, em 2015, pelo movimento “A UFSC Pode Mais”, defendeu um modelo de administração que resgatasse a excelência e a eficiência na instituição, apostando na descentralização da gestão e na valorização e participação de todos os centros e unidades da universidade nas tomadas de decisão.
Quase toda a sua formação acadêmica foi realizada na UFSC: graduação em Direito (1998), mestrado em Direito (2001) e doutorado em Direito (2003). Especialização em Gestão Universitária (2000) e Direito Tributário (Cesusc, 2002). Ministrou as disciplinas de Direito Administrativo II no curso de graduação e Seminário de Direito e Literatura na pós-graduação (PPGD). Foi professor de Direito Administrativo e Instituições de Direito Público da Universidade Aberta do Brasil (UAB), desde 2006, professor de Direito Público e Administrativo no Programa de Pós-Graduação em Administração Universitária da UFSC (PPGAU). Também foi membro do Conselho Editorial da EdUFSC (2009 a 2013). Chefiou o Departamento de Direito da UFSC (2009-2011) e presidiu a Fundação José Arthur Boiteux (Funjab) no período 2009-2010. Foi diretor do Centro de Ciências Jurídicas (CCJ) da UFSC. Após tomar conhecimento da vitória da eleição para Reitoria, em 2015, Cancellier colocou como “prioridade a busca de verbas para suplementar as despesas da Universidade, especialmente após os cortes anunciados pelo governo federal. Temos que buscar outras alternativas e fontes de recursos financeiros. O ensino, a pesquisa e a extensão não podem ser prejudicados”. Ele também ressaltou “a necessidade de buscar diálogo com todos os setores da comunidade universitária”, uma das marcas de sua gestão.
NOTA DE PESAR
A Associação Catarinense de Imprensa (ACI) – Casa do Jornalista lamenta a tragédia ocorrida na manhã do último dia 2 com o amigo, jornalista, advogado, professor e reitor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Luiz Carlos Cancellier de Olivo. O acontecimento entristece a todos e deixa enlutados os colegas do homem que ao longo da vida deu inúmeras provas de companheirismo e apoio às causas da liberdade de expressão, do bom jornalismo e da educação.
A ACI externa seus profundos e sinceros sentimentos de pesar à família e amigos.