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Reforma do Mercado Público, 60 anos depois – Resgate da história: Obras paralisadas há 16 meses

Com estruturas imponentes, dessas que todas as cidades sonham ter, concentrando valores simbólicos e econômicos, o Mercado Público Municipal de Laguna, construído a partir de 1956 e inaugurado em 1958 pelo saudoso prefeito Walmor de Oliveira, tombado pelo Patrimônio Histórico Nacional, teve aprovado projeto de revitalização pelo BNDES, via Lei Rouanet. Só que em função de problemas no projeto total, envolvendo o Memorial Tordesilhas, na parte de Museologia, o banco bloqueou os repasses e há 16 meses as obras foram paralisadas, agora correndo sérios riscos de serem perdidas. Ainda assim, a empresa mantém um guarda no local. Extraoficialmente, sabe-se que 50% das obras estão concluídas.

Dos serviços que faltam, aparecem acabamentos, pintura externa e instalação dos decks (parte mais complexa da obra, exigindo desassoreamento e estaqueamento) e que envolveriam, sem os devidos reajustes, R$ 2,8 milhões, de um total de R$ 3.779.742,16.

Expressão de Cultura

O Mercado é mais do que um centro de compras e vendas de mercadorias. É expressão da cultura e da história da região e muito particularmente de nosso povo. Esse centro popular, repleto de tantos produtos, iguarias e artesanatos, reflete a nossa identidade, despertando em nós curiosidade e fascínio. É responsável por uma história viva e contínua que conta os hábitos alimentares, religiosos, comportamentais e culturais de um povo por meio de sua atividade comercial. Além de preservar a identidade regional e popular, o mercado também representa a convivência harmônica de diferenças, a democracia cultural que se reproduz e se perpetua ao longo da história.

Everaldo dos Santos

Relembre-se que a ordem de serviço foi assinada pelo ex-prefeito Everaldo dos Santos em 14 de abril de 2014, com prazo contratual de 36 meses. Para conquistar a obra, o então prefeito Everaldo fez inúmeras viagens a Brasília e sempre destacou e agradeceu a então presidente Dilma Rousseff e os governadores Raimundo Colombo e Eduardo Pinho Moreira.

A revitalização

Com o intuito de resgatar o que foi perdido ao longo do tempo, o Mercado Público revitalizado, passará a contar com áreas de lazer para os lagunenses e turistas, tendo atividades como oferta de frutas, verduras e peixes frescos, além de ser ponto de encontro de amigos para jogar conversa fora e apreciar o sol às margens da lagoa. Anterior à primeira construção do final do século XIX, todo o comércio da cidade era feito dentro das canoas, onde os comerciantes vendiam seus produtos à beira do cais. De acordo com o projeto de Restauração e Reabilitação, a obra reconstituirá a edificação construída em 1958. O novo Mercado Público, quando totalmente recuperado, trará elementos de características marítimas, tanto no interior quanto exterior da edificação, tendo detalhes que remetem a cultura local, com novos boxes, sanitários e lojas de artesanato. O espaço contará com um restaurante na parte superior, um mirante com vista para todo o centro histórico e decks com 12 metros de avanço para a lagoa Santo Antônio dos Anjos.

A paralisação

Na 3ª feira (20), procuramos a secretária de Planejamento, Silvania Barbosa, que por telefone sugeriu que procurássemos o presidente Marcio Rodrigues Filho, da Fundação Lagunense de Cultura, que, questionado, disse “que o Mercado Público é um dos três subcréditos de um contrato havido entre a Fundação e o BNDES.
Os demais são relacionados a uma readequação do Museu Histórico Anita Garibaldi e a implementação do Memorial Tordesilhas, dois importantes marcos da história do município.
Em uma reunião realizada em dezembro de 2017, no Rio de Janeiro, a equipe da Fundação, em conjunto com o BNDES, saiu incumbida de oferecer resposta a alguns itens, sendo parte deles relacionados às atividades da Fundação, bem como readequações dos projetos do Museu Histórico e do Memorial Tordesilhas, bem como questões relacionadas ao Mercado Público.
Os itens relacionados aos Museus estão concluídos, e as partes ligadas ao orçamento do Mercado Público estão sendo concluídas, em um trabalho conjunto com a Secretaria de Planejamento”, disse.
E continuou “Como resultado destas ações, teremos o desbloqueio (sem especificar quando) dos créditos não somente do Mercado Público Municipal, mas do Memorial Tordesilhas, que contará a história das navegações e do
Tratado de Tordesilhas, bem como a importância de Laguna neste momento da história”, concluiu. Sem liberação de recursos, pelo BNDES, sabe-se que a situação da obra continuará inalterada, completamente paralisada.

História do Mercado

Ano de 1897, a comunidade de Laguna utilizava o Mercado Público para abastecer as suas residências. O prédio construído por Antônio Pinto da Costa Carneiro ficava nas margens da lagoa Santo Antônio dos Anjos, onde hoje está a Praça dr. Paulo Carneiro. Pela rua da Praia, atual rua Gustavo Richard, o povo chegava até o Mercado, para comprar frutas, verduras, carnes e grãos. Os peixes eram vendidos numa pequena banca ao lado do prédio. No espaço tinha açougue, armazém de secos e molhados, banca de frutas e verduras, com mais de 20 locais. Ao lado uma fonte de água, vinda por canos da Fonte da Carioca abastecia quem frequentava o Mercado. Período de 1910, começa um trabalho de aterro das margens da lagoa, a água avançava pela província, a obra era para reter a força da maré. Num domingo chuvoso e com vento sul, do dia 20 de agosto de 1939, um incêndio assusta a cidade. Eram 23h, o fogo destrói o Mercado. Na época, o secretário de Justiça do Estado, Ives de Araújo, apontou como um incêndio criminoso. No ano de 1940, as ruínas do prédio incendiário foram derrubadas. Começa um trabalho de transformação da orla marítima com a construção do atual mercado. No ano de 1956 começa a ser erguido, no mandato do então prefeito Valmor de Oliveira. Os recursos vieram do poder público e também de empréstimos bancários. No ano de 1958 é inaugurado o prédio com tons de rosa claro e cor de cal. No primeiro piso funcionava o Mercado Público. No segundo andar a Câmara de Vereadores e a prefeitura, instalada no local até os anos 80.

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