Ademais, a democracia, como sistema aberto faz com que poderemos estar caminhando rumo a uma superdemocracia planetária nas palavras do grande assessor de Mitterand, Jacques Attali (cf. Uma breve história do futuro, 2008) Essa forma de democracia será a alternativa salvadora face a um superconflito que, deixado em livre curso, poderá pôr em risco a permanência da espécie humana. Esta superdemocracia resultará de uma consciência planetária coletiva que se dá conta da unidade da espécie humana, morando numa única Casa Comum, no planeta Terra, pequeno, com bens e serviço naturais escassos, superconsumista e superpovoado e ameaçado pelas mudanças climáticas que estão afetando a biosfera, a biodiversidade e a nós próprios.
A Carta da Terra utiliza duas expressões que assinalam o novo paradigma de civilização: alcançar “um modo de vida sustentável” (n.14) e “a subsistência sustentável de todos os seres”. Aqui emerge um design ecológico, quer dizer, uma outra forma de organizar a relação com a natureza, o fluxo das energias e as formas de produção e de consumo que atendam às necessidades humanas, que nos permitem ser mais com menos e que favoreçam a regeneração da vitalidade da Terra.
Por fim, eu por minha parte, fruto dos estudos em cosmologia e ecologia, tenho proposto uma democracia sócio ecológica que representaria o ponto mais avançado da integração do ser humano com a natureza. Ela se inscreveria dentro do novo paradigma cosmológico que vê a unidade do processo cosmogênico dentro do qual se situa também a natureza e a sociedade e cada pessoa individualmente.
Será uma civilização biocentrada que devolverá o equilíbrio perdido à Mãe Terra e garantirá o futuro de nossa civilização. Todos e a natureza inteira seremos cidadãos, habitando cuidadosa e jovialmente a Casa Comum.
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