Aquicultura e Pesca

Como melhor proteger nossos plantéis? (Parte 2)

O importante papel da prevenção
Os camarões e peixes adoecem e morrem de doenças porque são expostos a agentes patogênicos de maneira agressiva o suficiente para que seus sistemas de defesa (e demais sistemas a estes associados) não consigam suportar os efeitos deletérios ocasionados por esta exposição a que foram submetidos.
As Boas Práticas de Manejo (BPMs) são fundamentais para manter um meio mais equilibrado e um maior conforto ambiental. Muitas vezes, as BPMs são “esquecidas” ou relegadas a um segundo ou terceiro planos. Outras tantas são adotadas, mas seus efeitos não são eficientemente aferidos e mensurados, fazendo com que muitas vezes se duvide de sua eficácia.
Fato é que, no Brasil, peixes e camarões ainda são cultivados de forma, digamos, reativa, no que se refere à sua sanidade, imunidade e proteção. Queremos dizer com isso que é muito mais comum tratarmos doenças depois de seu surgimento e dispersão nos viveiros ou tanques-rede, do que a adoção sistemática de medidas que visem prevenir, em nível populacional, uma determinada doença. Ações profiláticas são utilizadas com o intuito de impedir ou reduzir o risco e o grau de transmissão de uma enfermidade, protegendo a população de sua ocorrência ou evolução.
Dentre outras medidas profiláticas recomendadas pela Associação Brasileira de Criadores de Camarão (ABCC), por meio das Boas Práticas de Manejo, tem destaque o uso de probióticos, prebióticos e simbióticos, sobre os quais falaremos mais um pouco agora.
Probióticos, Prebióticos e Simbióticos
O uso de probióticos na carcinicultura brasileira é recente (a partir do ano 2000), tendo se difundido de forma expressiva pela comprovada eficiência e benefícios advindos de seu uso, especialmente no que se refere à biorremediação, ajudando a promover uma mineralização de matéria orgânica mais eficiente, um maior equilíbrio dos parâmetros físico-químicos e hidrobiológicos da água, assim como uma presença mais abundante de bactérias probióticas, o quê, por exclusão competitiva, ajuda a promover um meio microbiologicamente menos propenso à introdução e disseminação de doenças, uma vez que bactérias “boas” competem por nutrientes e oxigênio com bactérias “ruins”, tornando o meio mais ameno e confortável. Infelizmente, contudo, os probióticos nem sempre conseguem, sozinhos, conter surtos ou minimizar perdas decorrentes de agentes patogênicos.
Para tanto, a indústria aquícola já utiliza, cada vez mais frequente, prebióticos. Tratam-se de substâncias profiláticas comprovadamente eficazes, absolutamente acessíveis e de uso incompreensivelmente pouco adotado no Brasil, ainda, estando em processo de adoção e disseminação por parte de nossa indústria. Felizmente já existem casos de sucesso com seu uso em unidades produtivas comerciais, inclusive no Brasil, o que pode servir de incentivo e modelo para muitos produtores, que muitas vezes não sabem ao certo o que são, como agem e como utilizá-los.
Para os patógenos intestinais conseguirem causar danos no hospedeiro, seja este o camarão ou o peixe, eles precisam se ligar às células do seu epitélio ou tecido intestinal, e a superfície ou parede celular das leveduras contém moléculas de carboidratos complexos (açúcares) que interferem diretamente na habilidade de bactérias patogênicas, as Gram negativas, principalmente, de se ligarem às células da parede intestinal dos animais.
Estes carboidratos complexos são os mananoligossacarídeos, também conhecidos como MOS. Uma vez adicionados à ração, os mananos passam a fazer parte do bolo alimentar. Como não são absorvidos pelas células intestinais, e por possuírem uma forte afinidade com as lectinas (substâncias presentes na parte exterior da membrana plasmática das células bacterianas), os mananos ligam-se a estes compostos, o que leva à inativação das bactérias nocivas e sua consequente excreção, diminuindo assim sua quantidade concentração) no corpo do hospedeiro (o camarão e/ou o peixe, no nosso caso).
Por Marcelo Borba – Gerente Técnico Comercial – Aqua e Phileo Lesaffre – Animal Care
http://www.aquaculturebrasil.com/2018/06/26/medidas-preventivas-e-sanidade-na-aquicultura/

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