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Pesquisa Verão 2019

O Brasil possui aproximadamente 7,4 mil quilômetros de litoral. Em Santa Catarina são 531 quilômetros, que representam diferentes oportunidades para o turismo. Considerando a consolidação do turismo de sol e praia nas regiões litorâneas do Estado e que o segmento abrange uma diversidade de atrativos que impactam todos os setores representados, a Fecomércio SC apresenta a Pesquisa de Turismo de Verão 2019, resgatando a série histórica que teve início em 2013. A pesquisa abrange quatro regiões em cinco cidades que representam as características e peculiaridades de todo o litoral – São Francisco do Sul, Balneário Camboriú, Florianópolis, Imbituba e Laguna. A pesquisa está organizada em dois capítulos: – Perfil do Turista: traz o resultado da pesquisa realizada com os turistas, onde foram abordados perfil socioeconômico, procedência, características e organização da viagem e avaliação do destino. – Percepção do Resultado da Temporada: são apresentadas as percepções dos empresários sobre o impacto da temporada nos empreendimentos dos setores de comércio, serviços e turismo nas cinco cidades abordadas, além da visão destes gestores sobre os principais fatos que impactaram positiva e negativamente as vendas, o faturamento e a dinâmica do negócio na temporada de verão 2019. De 2013 para cá a parcela de turistas estrangeiros dobrou, saltando de 14% para os atuais 28,4%. Os destaques na presença de turistas por cidade em 2019 foram: São Francisco do Sul teve participação de 34,5% do Paraná e outros 32,7% de turistas de Santa Catarina, principalmente do município de Joinville (10,9%); Balneário Camboriú teve 27,7% de turistas do Paraná, destes, 11,3% da capital Curitiba; Em Florianópolis 31,7% veio do Rio Grande do Sul e 11,2% de São Paulo; São Francisco do Sul, Balneário Camboriú e Florianópolis concentram as maiores parcelas de turistas estrangeiros, 27,3%, 33,3% e 32,5%, respectivamente. Nas outras duas, mais de 90% da frequência são brasileiros; Imbituba teve maior concentração de turistas do Rio Grande do Sul (58,6%), sendo a principal contribuição da capital Porto Alegre (22,4%); Em Laguna, 61,5% dos turistas têm sua origem no Estado, sobretudo de Tubarão (27,7%) e Braço do Norte (12,3%).

Características e organização da viagem

De maneira geral, os veículos próprios vêm sendo o meio de transporte mais utilizado pelos turistas para chegar ao destino no litoral catarinense. Em 2019, mais de 60% deles fizeram uso deste meio de transporte. No entanto, neste último ano esta parcela caiu cerca de 10 p.p., ficando inclusive abaixo da média histórica (69,6%). Segmentando essa distribuição por país de origem, o uso de veículos próprios foi a opção de 65,5% dos brasileiros, 54,1% dos argentinos, 60% dos uruguaios e 41,7% dos paraguaios. O transporte por ônibus, linhas regulares ou fretados também são muito utilizados pelos turistas para chegar ao destino turístico nas temporadas de Verão e neste ano somaram 19,9% dos turistas. Desta parcela, chama a atenção o uso das linhas regulares (15,8%).

Em menos de seis meses de regularização já foi citada por boa parte dos turistas que têm como destino Laguna e Florianópolis.

Na temporada de 2019 também foi significativo o número de turistas que chegam ao Estado por meio de avião (18,3%), parcela que aumentou 5,1 p.p. desde a última temporada. Destes, 11,4% foram brasileiros, diante dos 7,5% da temporada passada. Estes números mostram uma tendência de aumento no uso de avião pelos turistas nacionais em contraponto à redução no uso de veículos próprios. Destaca-se a importância do Floripa Airport para o turismo internacional do Estado: dos 6,6% de turistas estrangeiros que usaram esta forma de transporte para chegar ao Estado, 4,7% escolheram o aeroporto de Florianópolis – isso representa mais de 70% deste público.

Mais de 70% dos turistas estrangeiros que vieram de avião desembarcaram no Floripa Airport.

Outra informação apurada na pesquisa sobre a mobilidade dos turistas trata da forma como o turista se locomove dentro das cidades. Em consonância com o deslocamento entre origem e destino turístico, a maioria (54,2%) dos visitantes utilizou veículos próprios para o deslocamento interno. Além disso, em Florianópolis destaca-se também o uso de transporte público (12,9%) e aluguel de veículos (6,7%); e em Balneário Camboriú transporte por aplicativos (32,2%) e táxi (8,7%). Em Laguna e Imbituba o deslocamento com veículos próprios foi a opção de 69,4% e 96,6% dos turistas. Neste ponto verifica-se a importância nos investimentos em infraestrutura viária para o turismo, como a sinalização e conservação das estradas e pontos turísticos, além dos investimentos em serviços de transporte eficientes. O deslocamento interno faz parte da atividade turística, estimula o consumo nos setores de entretenimento, comércio e serviços e contribui para a atratividade dos destinos.

Cerca de 80% dos turistas viajam grupos de parentes (famílias e casais sem filhos)

Nesta temporada os turistas ficaram bem distribuídos entre três principais tipos de hospedagem: 34,9% em imóveis alugados, 34,7% em hotéis ou similares e 22,5% em casa de parentes e amigos. Cada local investigado, no entanto, teve características próprias. Em Florianópolis, o setor de hotelaria (hotéis e pousadas) somou 40,6% das opções de hospedagem e em Imbituba 53,4%. Em São Francisco do Sul, 69,1% dos turistas alugaram imóveis para o veraneio, acima de Florianópolis (33,1%) e Balneário Camboriú (31,2%). Em Laguna, o destaque ficou por conta dos imóveis próprios, que hospedaram 27,7% dos turistas.

A média de duração da estada dos turistas foi de 12,6 dias em 2019, período semelhante aos anos anteriores. Na visão por cidade de hospedagem, observa-se que Laguna afasta-se da média geral. A média de permanência dos turistas é de 25 dias, número justificado pelo percentual de veranistas que se hospedam em imóveis próprios (27,7%), destacando a cidade com o maior percentual de turistas que se hospedam em propriedades próprias. O fato também está relacionado a origem dos turistas: em sua maioria de cidades próximas, como Tubarão e Braço do Norte.

Vários são os motivos que levam os turistas a realizar compras durante viagens, seja para guardar uma lembrança do local ou para presentear amigos e familiares. Nesta temporada, cerca de 90% dos turistas manifestaram a intenção de realizar compras. Na visão por cidades foi significativa a parcela de turistas que indicaram a preferência pelo comércio das praias e ambulantes em São Francisco do Sul, Imbituba e Laguna. Em Balneário Camboriú, a maior indicação foi o centro da cidade e em Florianópolis a distribuição ficou mais concentrada no comércio das praias e centro da cidade. Esta diversificação dos locais de compras e a grande parcela de turistas que manifestam a intenção de realizar compras mostram a importância do turismo para o comércio e a economia das cidades litorâneas do Estado.

Outro comportamento dos turistas monitorado na pesquisa foi a disposição de visitar outros destinos turísticos durante a estada, informação que auxilia no monitoramento das movimentações e identificação das principais rotas de turistas dentro do Estado. Na temporada 2019, uma parcela de 35% dos turistas manifestou a intenção de visitar outros destinos. Foram compilados 450 destinos, sendo os mais citados, Balneário Camboriú, Bombinhas, Florianópolis, Garopaba e Imbituba. Os destaques por cidade foram:

Os gastos médios dos turistas que frequentaram as praias de Santa Catarina na temporada de verão são investigados por tipo de uso, assim, os turistas que não tiveram dispêndios com hospedagem, por exemplo, não são considerados no cálculo da média. Nesta temporada, cada grupo de turistas desembolsou, em média, R$ 4.465,00, sendo que os gastos com hospedagem (R$ 2.827,00) e alimentação (R$ 1.191,00) foram os mais expressivos.

Na avaliação da média de gastos por tipo e cidade, o destaque ficou por conta dos gastos em São Francisco do Sul (R$ 5.248,00 por grupo) e Laguna (R$ 3.955,00). Em ambas as cidades, os valores foram puxados para cima pelos gastos com hospedagem e alimentação. Em São Francisco do Sul, justifica-se o valor acima da média pelo tamanho dos grupos de turistas, 6,2 pessoas, enquanto, em média, nas demais cidades os grupos não ultrapassam 3,8 pessoas. Já em Laguna, o tempo médio de permanência dos turistas é de 25 dias, enquanto nas demais cidades a média é 11 dias. A figura abaixo mostra a distribuição da média de gastos por tipo e por cidade de veraneio.

Segundo dados mais recentes divulgados pelo Ministério do Turismo do Brasil, referentes ao ano de 2017, cerca de 6,6 milhões de turistas do mundo vieram visitar o país, gerando uma receita cambial de 6 bilhões de dólares americanos, segundo dados da Organização Mundial do Turismo. Ao todo, foram mais de dez milhões de desembarques internacionais feitos nos aeroportos brasileiros em 2017. A importância do turismo internacional é indiscutível para a saúde financeira do país, visto que a entrada de divisas promove o equilíbrio da balança comercial. Além disso, nesta temporada foi possível constatar a grande diferença entre a média de gastos dos turistas brasileiros (R$ 3.162) e estrangeiros (R$ 7.718). O estrangeiro gastou, em média, 2,4 vezes mais do que um turista nacional.

Outra análise importante em relação aos gastos dos turistas diz respeito à evolução da série histórica. Para que uma análise de tendência possa ser realizada foi aplicada a deflação2 pelo IPCA acumulado de fevereiro, opção que permitiu transformar valores nominais em valores reais e, com isso, avaliar a evolução dos gastos dos turistas com produtos e serviços. Na análise do gráfico a seguir, apesar de uma queda de mais de R$1.000 em valores efetivos em relação a 2018, observa-se uma tendência linear de crescimento de 158% nos gastos totais.

Avaliação do destino turístico

O turismo movimenta diversos setores da economia e por ser uma atividade dinâmica passa por constantes mudanças. Para verificar a percepção dos turistas que frequentaram o litoral catarinense na Temporada de Verão de 2019 foram aplicados indicadores quantitativos e qualitativos. O primeiro e mais objetivo, a intenção de voltar, descreve em parte a fidelização que o destino turístico foi capaz de gerar no visitante. Os resultados do indicador por cidade mostram um alto grau de fidelização, visto que mais de 80% dos turistas demonstrou desejo de retornar, exceto por Florianópolis (77%), onde o percentual ficou abaixo da média.

O indicador a seguir buscou identificar os principais fatores que influenciaram os turistas na escolha do destino, uma avaliação qualitativa, que foi estudada com base na técnica de análise de conteúdo, tornando possível a categorização e quantificação das respostas. Os principais fatores por cidade:

Em São Francisco do Sul 41% das citações referem-se à qualidade das praias (praias limpas, beleza das praias e qualidade da água), 25% tranquilidade e hospitalidade, com ênfase no ambiente familiar sem agitação do local, e outros 14% indicaram visita a familiares como fator de decisão para a escolha do destino.

Balneário Camboriú também atrai os turistas pelas belas praias e 35% das citações estão relacionadas ao tema beleza e qualidade das praias. Outros fatores distribuídos em igual proporção são o lazer (boas e muitas opções de lazer), visita familiar e a tranquilidade (segurança) da cidade, cada fator com 16% das citações.

As praias somam 52% das citações em Florianópolis. Os turistas consideram importante a cor da água (diferente do mar escuro de outras localidades), a temperatura do mar (mais quente) e a variedade de praias próximas que podem ser visitadas. A tranquilidade e segurança somaram 15% das citações e a hospitalidade outros 7%. Mas o que fica saliente entre os fatores que motivam as viagens a Florianópolis é o alto percentual de citações de vista a familiares (60%).

A qualidade das praias e belezas naturais são os fatores que mais influenciam a decisão dos turistas de Imbituba (70%).

Em Laguna os fatores são igualmente distribuídos entre proximidade com a residência, visita a familiares, visita a amigos e a qualidade e beleza das praias, que juntos somam 71% das observações; as opções de lazer também merecem ênfase dentre as opções do destino, com uma fatia de 14%.

O próximo indicador avaliado foi o Net Promoter Score, ou NPS, uma metodologia criada por Fred Reichheld, nos EUA, com o objetivo de realizar a mensuração do grau de satisfação e fidelidade dos consumidores de qualquer tipo de empresa e serviço. Com a pergunta “Em uma escala de 0 a 10, o quanto você indicaria esse destino turístico para um amigo? (considere 0 não indicaria e 10 indicaria totalmente)” é possível identificar o percentual de turistas considerados Clientes Promotores, que são leais, oferecem feedbacks e são entusiasmados; os Clientes Neutros, não são leais e não são entusiastas; e os Clientes Detratores, que tiveram experiências ruins, que criticam e provavelmente não retornam ao destino turístico. Além de quantificar e classificar os turistas, a metodologia permite identificar os principais motivos que influenciaram a experiência e ficaram na memória dos turistas. A avaliação é complementada com a pergunta: “E qual o motivo dessa nota?”.

Como resultado da avaliação nesta temporada 70% dos turistas foram classificados como Promotores, 27% Neutros e 4% Detratores. Logo, pela avaliação dos turistas o litoral de Santa Catarina foi considerado numa zona de qualidade nesta temporada, com alguns pontos de melhoria para atingir a excelência. Na avaliação merece destaque o percentual significativo de detratores em Laguna (17%), levando a avaliação deste destino a uma zona de aperfeiçoamento.

Os principais motivos que influenciaram as boas experiências e levaram os turistas à categoria de Promotores são: beleza e qualidades das praias, tranquilidade, receptividade e hospitalidade e clima agradável. Os preços foram citados em relação ao bom custo/benefício, mas mesmos entre os Promotores alguns turistas consideraram os preços altos.

O pequeno percentual de turistas Deflatores identificou como pontos críticos o trânsito ruim, os preços altos e principalmente a sujeira na praia (tanto na cidade quanto na orla), o que engloba a situação do lixo e esgoto. Algumas citações apontadas por Detratores de Laguna resumem as observações:

Não indica mais Laguna para seus amigos. Percebeu que há muito descaso com o turista, encontrou mercado público, museus e casas de cultura fechados e pela extrema falta de educação das pessoas que deixam lixos na praia.

Não há investimento do poder público em infraestrutura, assim como na manutenção da qualidade da água e balneabilidade.

A importância da imagem para a divulgação do destino turístico extrapola as questões que envolvem o marketing, pois está ligada a ideia que as pessoas têm do destino turístico. Quando a abordagem é focada no turista, a imagem está ligada à percepção formada pelas experiências vivenciadas e que serão replicadas a toda a teia de relacionamentos de cada turista, surtindo efeito multiplicador. Acima de tudo, a imagem reflete a ideia mais latente da experiência turística. Com essa noção em mente foram identificadas as palavras mais citadas pelos turistas nesta temporada de verão. Foram ao todo 875 citações distribuídas em 130 palavras e expressões, onde as doze mais citadas acumulam 64% (frequência acumulada).

A temporada de verão representa um dos mais importantes períodos de fluxo de vendas nas regiões litorâneas. Apesar da sazonalidade, a movimentação de empregos diretos e indiretos tem efeito multiplicador que gera riquezas para o destino turístico, pois o valor agregado é bem maior que a soma inicialmente gasta pelos turistas.

Para estudar o impacto da temporada de Verão 2019 para os empresários do comércio de cada cidade, a Fecomércio SC também realizou uma série de perguntas para os comerciantes dos respectivos locais. Foram realizadas entrevistas em 555 estabelecimentos comerciais, distribuídos em mais de onze setores de atuação.

A relação do faturamento/ano por setor da empresa não mostrou diferenças estatisticamente significativas. A análise deste indicador por cidade mostrou que existem diferenças significativas: em São Francisco do Sul o cenário é mais otimista, já em Balneário Camboriú é mais pessimista.

Percepção do impacto do Carnaval na temporada 2019

Neste ano o feriado do Carnaval coincidiu com o período de temporada de verão, logo os efeitos que o feriado do Carnaval gerou ficaram mascarados com os efeitos da temporada. No entanto, em algumas cidades foi possível aos empresários perceber estas diferenças no fluxo de clientes, no faturamento e até mesmo no perfil dos clientes. Esta avaliação dos empresários foi coerente com o perfil do turista em cada destino turístico. Em São Francisco do Sul, destino procurado por turistas que desejam ambientes mais tranquilos, a percepção de 47% dos empresários foi de que o carnaval não afetou a dinâmica da temporada. Em Balneário Camboriú e Florianópolis o período do Carnaval foi pior que o restante da temporada e em Imbituba e Laguna o período foi melhor.

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