“Ou vocês decidem deixar de me superexplorar violentamente ou posso lhes enviar mais vírus, até aquele que os seus biólogos mais temem o “Big One”, aquele terrível e inatacável por nenhuma vacina ou outro meio; dizimará vocês como espécie humana; considero tal gesto que me faz sofrer muito, como justo castigo que merecem por terem por séculos, ininterruptamente, movido uma guerra contra a vida da natureza e nunca terem amado e cuidado de mim, sua Mãe que sempre lhes deu em abundância tudo o que precisavam para viver; não adianta vocês amolarem os dentes do lobo que é o sistema devastador que criaram; ele não perde com isso a sua ferocidade que é de sua natureza e continuará sua obra de morte, aquilo que vocês mesmos chamaram de antropoceno e de necroceno; vocês têm que fazer, como disse meu enviado e profeta Papa Francisco, “uma radical conversão ecológica”: tomar de mim o que precisam e não mais, fazer que todos tenham o suficiente e decente para viver com um mínimo de dignidade e dar-me tempo para me autorregenerar e poder continuar como Mãe a alimentar a vocês e sobrar ainda para seus descendentes; para isso vocês têm que reduzir o consumo, reusar o que já usaram e reciclar o que já não lhes serve, pois pode ser útil para outra coisa e principalmente reflorestar todo o planeta, pois são as minhas amadas filhas, as árvores que sequestram o carbono que vocês lançaram na atmosfera e pela fotossíntese lhes produz o oxigênio para respirar, mantém sempre a água no solo, um bem vital, comum e insubstituível e não uma mercadoria, e estabelecerem entre vocês relações de cooperação e não de concorrência, de empatia e não de insensibilidade e superarem as profundas desigualdades sociais que criaram no afã de acumularem em poucas pessoas e deixarem seus irmãos e irmãs passando fome e todo tipo de necessidade até morrerem antes do tempo; assim eu e vocês teremos renovado o contrato natural que vocês romperam, um contrato de mútua relação de cuidado e de colaboração e poderemos juntos fazer uma trajetória feliz, sob a luz benfazeja do grande filho, o Sol; criem juízo e sabedoria, porque sem isso irão engrossar o cortejo rumo à sepultura que vocês mesmo cavaram para vocês; lembrem-se de que não existe apenas o capital natural e material que vocês exploraram até quase ao seu esgotamento; existe principalmente o capital humano-espiritual, feito de amor incondicional, de solidariedade, de compaixão e de abertura de uns para com os outros, sem discriminação e abertura a todas as coisas até ao Infinito de mil nomes, Deus que criou tudo com amor, que não odeia nenhum ser que criou e é o apaixonado amante da vida; abram-se a Ele para serem mais humanos, sensíveis, cuidadores da natureza e de mim mesma e saborearem um sentido maior para suas vidas; fazendo isso, teremos um destino comum bem-aventurado e um mundo aberto para um futuro melhor.”
Ou escutamos estas advertâncias da Mãe Terra e da natureza da qual somos parte e criamos as bases de uma civilização centrada não no lucro mas na vida – uma biocivilização – e uma ECOnomia que se alinha à ECOlogia ou então preparemo-nos para o pior.
Dizem por aí que o ser humano aprende da história que não aprende nada da história mas aprende tudo do sofrimento. Todos estamos sofrendo sob o isolamento social e o distanciamento de grupos. Que esse sofrimento não seja em vão. Não seja o sofrimento de um moribundo, mas o sofrimento de um parto de uma Terra, amada e cuidada como Mãe boa e generosa e que é de fato a única Casa Comum que temos, na qual todos podem e devem caber, a natureza incluída.
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