Ao longo da nossa carreira passamos em algum momento por processos seletivos, seja para uma vaga de estágio, analista ou até mesmo CEO. Os processos são oportunidades de validar nossos conhecimentos, comportamentos e obviamente, dispor nossos talentos ao mercado.
Sempre acontece assim, abre-se uma vaga e iniciam os recrutamentos, que é o chamar potenciais candidatos para a vaga em questão e, claro, com a descrição das atividades e habilidades necessárias.
Especificamente neste ano, fomos convocados a uma espécie de recrutamento forçado. Eu me refiro à força, já que não tivemos a opção de passar essa vaga para outro candidato. A oportunidade arrastou todo os indivíduos do planeta para o cargo em questão: CLO – Chief Life Officer – Chefe da vida. Como assim? Calma, deixa eu explicar melhor. Bem, nas organizações usamos essa sigla para os cargos de Executivos, e na minha visão, a pandemia nos convocou para a vaga de Chefe da vida, no sentido de sobrevivência e também da qualidade desta sobrevida.
O que se percebe até o momento é que ao longo do processo seletivo os candidatos “aprovados” nas etapas iniciais não foram os mais fortes, mas os que souberam se adaptar às novas condições que a vida lhes apresentara. E olha que o processo para esta vaga é extenso, moroso, começou em março e ainda não contrataram ninguém. Será ausência de profissionais competentes ou será que ninguém havia pensado sobre a necessidade do cargo?
A etapa física do processo, me parece a mais duradoura e com ela percebemos também questões comportamentais. Vemos os mais resistentes em proteção de sua própria vida e dos demais, resistência às regras e condições, e também a questão da empatia tanto na presença, quanto naqueles que demonstraram total ausência ao longo desta fase. À medida que o processo avançou, tivemos as etapas das dinâmicas de grupo, tanto em casa quanto nos ambientes corporativos. Em casa, a tarefa parecia fácil, descobrir mais sobre quem sempre esteve ao seu lado, mas como a presença não era sua prioridade, aquilo que parecia ser fácil para alguns, virou hard para muitos. E na empresa, a dinâmica nos colocou desafios como conviver distante de grupos, ser produtivos, driblar o medo e a insegurança presentes nesta fase. Muitos foram aprovados, seguiram com êxito, outros foram expulsos do big brother da vida e corporativo.
Qual a fase atual? Me parece que alguns estão na fase de digestão do processo, de entendimento, de baixar a guarda e perceber que talvez, não estivesse tão preparado assim para o cargo de chefe de vida, no caso, a sua. Os resistentes ainda questionando a tal vaga.
Mas é fato, este processo seletivo nos ensinou que autoconhecimento não é frescura e que aqueles que já faziam uso deste recurso passaram as etapas de maneira mais resiliente e vivendo o processo, aprendendo em cada fase e tirando conclusões produtivas sobre cada momento. Essa é o tipo de vaga difícil de fechar, os candidatos precisam ter um nível excelente, mas aqui não importa se no seu currículo tem Harvard, MIT ou qualquer outra instituição de referência. Aqui o nível do jogo é mais complexo, o que de fato vai contar, é o quanto de disposição você tem para continuar florescendo em tempos de adversidade. O quanto você não vai mudar a sua essência em virtude dos percalços do caminho. O candidato que mais se aproxima do ideal é aquele que estará disposto a flexibilizar seus valores e que sabe com convicção usar aquilo que o diferencia de todos os demais candidatos: seus talentos. E você, está apto para este cargo? Pense nisso!
Por Letícia Zanini- Master Coach, Psicóloga e Educadora Comportamental.