A comemoração em homenagem ao dia da imprensa catarinense não poderia ser em outro local se não em frente aquele que iniciou todo esse processo.
É impossível fazer essa homenagem e não lembrar daquele que na minha opinião é um dos personagem mais importante da sua época, pois desconheço na história de nossa cidade alguém que tenha feito tanto por Santa Catarina e de certa forma pelo Brasil. Falo de Jerônimo Francisco Coelho, filho genuíno nascido na localidade conhecida como lagoa de Santo Antônio dos anjos nossa amada Laguna no ano de 1806. Falar do pai da imprensa catarinense e também falar do Pai da Maçonaria Catarinense. Na história temos diversos maçons que lutaram por justiça, por ordem e progresso palavras essas, cravadas em nossa Bandeira verde e amarela. Jerônimo Coelho teve apoio, ajuda e orientação dos maçons na época, retornou a sua terra natal com objetivos claros de lutar por um país que estava nascendo e cortando seu cordão umbilical com Portugal. Quando veio para Desterro (Florianópolis) era Capitão do exército tinha 25 anos de idade já casado e pai de 4 filhos que também seguiram a carreira militar. Entrou para academia militar muito cedo por indicação de seu pai. O pai de jerônimo o Sargento Mor Antônio Francisco Coelho com a vinda da família real portuguesa para o Brasil, foi transferido para o Rio de janeiro e promovido a Capitão, sendo encaminhado para o Ceará para comandar o corpo de infantaria. Inscreve Jerônimo com 7 anos de idade que se torna cadete da infantaria. Infelizmente 2 anos depois teve que retornar as pressas com a família por conta da doença vindo a falecer 2 semanas depois que chegou ao Rio de janeiro. A Sra. Francisca Lina do Espírito Santo Coelho mãe de Jerônimo assume as rédeas da família depois que seu cunhado João Francisco Coelho que se compromete cuidar da família de seu irmão, também falece por conta da febre amarela. Deixando portanto Dona Francisca sozinha no Rio de Janeiro conduzindo e direcionando o homem que estamos falando hoje. Passado toda essa formação na academia militar Jerônimo se forma em Engenharia e matemática é promovido a tenente, em seguida a capitão. E devido a uma determinação do Rei, todas as promoções foram suspensas ficando a carreira de Jerônimo estagnada na patente de Capitão por 13 anos. Jerônimo veio para Santa Catarina determinado a fazer um local mais justo para todos era um homem simples, humilde, mas com pensamentos de liberdade, justiça e amor ao próximo. Seu jornal intitulado “O CATHARINENSE” tinha como lema “União e Liberdade, independência ou morte. Lutou bravamente pela libertação dos escravos tanto que criou uma sociedade genuinamente brasileira pois só podiam participar Brasileiros sendo proibido qualquer estrangeiro. Era comum na época chicotear em praça pública escravos que faziam algo errado em um pelourinho localizado centro da cidade como forma de exemplo. Foi através de Jerônimo com a associação patriótica que conseguiram sucumbir essa prática desumana.
Falar do patrono da imprensa catarinense é falar também do pai da maçonaria catarinense com a formação da primeira loja maçônica intitulada por ele como Loja Cordialidade vindo a se chamar depois de loja concórdia. Falar de Jerônimo Coelho é falar do Deputado tantas vezes reeleito, do Vice Presidente de Santa Catarina, do Engenheiro e matemático é falar do Presidente do Grão Pará (Amazonas, Pará, Roraima e Amapá), é falar do pacificador da guerra dos farrapos, é falar da demarcação das terras da Princesa de Joinville nos sertões de São Francisco. É falar do Ministro do Exército, Ministro da Marinha é falar do homem que deu a sua vida pelo Brasil e não só por Santa Catarina. Infelizmente com essa demarcação veio adquirir Febre amarela e assim como seu pai e muitos outros da época vieram a falecer por conta dessa doença. Teve que suspender várias vezes seus afazeres pois a doença o forçava. Seus títulos e reconhecimento demonstra o grande ser humano que foi. Faleceu no Rio de Janeiro mas especificamente em Nova Friburgo em 1860 estando com 54 anos. O nosso Brigadeiro, Ministro do Exército, Ministro da Marinha, protetor dos fracos e oprimidos da época, o nosso protetor de invasões tantas vezes iminentes na época, participa na demarcação viabilizando estradas ligando Rio Grande do sul a Laguna. O homem que reformou hospitais buscando melhores condições de saúde para população e seus soldados, o homem que lutou contra as injustiças, o homem que obteve a condecoração da medalha Comenda da Ordem de Avis e comenda da ordem da Rosa medalhas estas somente obtida por homens notáveis da época. Título de conselheiro do Rei. Esse homem que tanto lutou por nós falece só, pois sua esposa já havia falecido, de certa forma abandonado. A maçonaria carioca acompanhou seu sepultamento na época. Considerado por Pedro Calmom Presidente do instituto geográfico brasileiro como um dos mais perfeito Ministro da Guerra do Brasil. O Almirante Henrique Boiteux faz um relato resumido de quem foi Jerônimo Coelho. “Pobre nasceu; de mãos limpas viveu e com elas pura morreu. Viveu na sua honradez e probidade, uma vida sem Fausto e sem luxo; acomodava-se às suas circunstâncias e a muitos que lhe estranhavam aquele modo de proceder, contentava-se em dizer: A minha pobreza é a minha riqueza”. Graças a todos os feitos e registros da época podemos hoje enaltecer esse grande homem e poder homenageá-lo com todas as honrarias possíveis. Que seu exemplo de conhecimento, honestidade, trabalho e justiça sirva de exemplo para todos nós! Viva a imprensa catarinense, viva Jerônimo Francisco Coelho.
*Por Wagner Zoppellaro – Discurso proferido pelo autor, representando as lojas maçônicas da cidade juliana
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