Esse foi um tema muito frequente na minha psicoterapia, os abusos sofridos ao longo da carreira. Como assim abusos? Sim, abusos. Geralmente, remetemos o tema ao cunho sexual, mas quero trazer aqui a questão psicológica e moral que o envolve.
Um certo dia, fazendo reflexões sobre situações vivenciadas em ambientes corporativos, uma mentorada disse para mim que se sentia “estuprada” psicologicamente. E me explicando mais, pude entender a razão pela qual se referia ao termo. A sensação de abuso era sentida por conta das inúmeras vezes em que precisou abrir mão de escolhas pessoais para não deixar na mão questões de trabalho, ou fazer permutas, para aparecer em Instagram comerciais, fazer seu trabalho de graça em prol de migalhas. Sim, é super compreensível que se sinta abusada.
O mundo dos negócios retrata muitas situações cotidianas que fingimos normalidade, mas internamente nos corrói. Relações abusivas não são saudáveis, tendo em vista que alguém sempre exerce poder ou força sobre o outro. Quando você escolhe desvalorizar seu trabalho acreditando que o outro, seu parceiro, é melhor ou maior, você está criando expectativas e isso é agendamento de frustração. Quando alguém se favorece se aproveitando de você, desculpe minha sinceridade, mas só existe vilão porque tem vítima, são papéis complementares, a pergunta é: qual personagem será você? Não se vitimize, mude, se valorize. Afinal, só você sabe o preço pago para chegar até aqui. Pense nisso!
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