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Rede Feminina de Combate ao Câncer de Laguna: Os 42 anos de luta e ações da importante entidade

O destaque para o Outubro Rosa e a campanha de conscientização que tem como objetivo principal alertar as mulheres e a sociedade sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama e de colo do útero, move os holofotes para o trabalho incansável das voluntárias da Rede Feminina de Combate ao Câncer de Laguna. A frente da entidade há um ano, e reconduzida para mais um mandato, a Presidente Cleci Ponciano Costa concedeu uma entrevista ao JL.

JL – Como começou a sua trajetória no voluntariado?

Cleci – Eu comecei no voluntariado com um caso de doença na família. Em 2005 minha sogra descobriu um câncer de seio e ela não tinha condições financeiras. Não era tão fácil como hoje. Todo tratamento era feito em Florianópolis. Na época, a presidente da Rede era a Emeri Massih e eu fui até a casa dela com minhas cunhadas pedir por ajuda. Conversamos muito e com o decorrer dos meses ela me convidou para ser voluntária. Fiquei na Rede até o nascimento do meu neto. Após um tempo afastada, a Andrea Lopes estava assumindo a presidência e me convidou para retornar. Desde então, aqui estou.

JL – Como foi assumir a presidência da Rede?

Cleci – Peguei como presidente no ano passado. Até então era secretária e trabalhava muito com a parte burocrática, estatuto e regularizações junto a Rede estadual. Muitas vezes pensei em desistir. Achei que não ia dar conta, com o volume de informações e o desafio de trabalhar no computador. Mas fui resiliente.

JL – Quando a Rede Feminina de Combate ao Câncer foi implantada em Laguna?

Cleci – Foi em 11 de novembro de 1981, pela Valmeri Faria, a primeira presidente. Depois dela estiveram à frente da entidade a Emeri Massih, Andrea Cascaes Lopes e eu atualmente.

JL – Quais os principais desafios enfrentados?

Cleci – Até hoje não temos uma sede própria. Há cerca de seis anos conseguimos um espaço cedido pela prefeitura. A demanda foi tão grande que acabamos migrando para uma casa alugada que era bem maior. Desde então passamos por vários pontos. Fomos montando nossa estrutura aos poucos, mas hoje vivenciamos essa instabilidade. Esse espaço em que estamos na rua Santo Antônio não possui um documento firmado. Com o final da gestão municipal, não sabemos qual será o desfecho.

JL – Hoje quais são as principais ações da Rede?

Cleci – Os pacientes e familiares diagnosticados com câncer nos procuram pedindo por ajuda. Muitos precisam de uma orientação sobre os próximos passos, auxílio financeiro para realização de exames e biópsias que pelo rito normal levariam meses. Auxiliamos com a compra de alguns medicamentos e doações de cestas básicas para pessoas carentes ou que precisaram parar de trabalhar em virtude da doença.

JL – De que forma a comunidade pode ajudar?

Cleci – Temos um carnê, com o qual muitos lagunenses ajudam pagando mensalmente. Recebemos a doação através de pix também. Através do brechó que funciona em nossa sede conseguimos tirar um valor significativo, além de ações isoladas, como a venda das camisetas, rifas e a tradicional macarronada, que acontecerá amanhã, 19.

JL – Hoje a Rede conta com quantas voluntárias? É possível fazer parte?

Cleci – Hoje estamos em 32 mulheres. Para se juntar ao grupo basta vir até a sede. Costumo dizer que o voluntariado não é lazer. É trabalho mesmo. Tem curso de capacitação em Florianópolis, tem o apoio para vendas das ações desenvolvidas, temos as escalas a serem cumpridas, tanto no atendimento, nas visitas, como no brechó.

JL – Quais as ações e conquistas da Rede até o momento?

Cleci – Conquistamos um carro e toda uma estrutura que proporciona atendimentos gratuitos através da psicóloga e da fisioterapeuta, que são voluntarias. Montamos também uma sala para realização do preventivo, que era feito por uma enfermeira cedida pela prefeitura. A agenda estava sempre cheia, a procura era muito grande. Infelizmente eles precisaram da profissional e deixamos mais essa lacuna.

JL – Até o final de outubro quais as ações estão previstas?

Cleci – No sábado, 19, teremos a tradicional Macarronada. Na próxima semana nossa equipe estará percorrendo escolas e grupos específicos para esclarecimentos e um trabalho de conscientização e prevenção da saúde da mulher. No dia 31 faremos aqui na sede o fechamento do mês de uma forma muito especial. Teremos uma enfermeira realizando preventivo, um advogado prestando esclarecimentos e auxiliando de forma voluntária os pacientes que necessitarem buscar os seus direitos junto à justiça, além de psicólogos, nutricionista e aferição da pressão, entre outros.

JL – A senhora terá mais dois anos de gestão pela frente. Quais os projetos?

Cleci – Nossa torcida é que o próximo governo tenha um olhar diferenciado para nosso trabalho. É possível através da Rede prestar tantos tipos de atendimento. A solução está na disponibilidade de profissionais, como enfermeira, médico ginecologista. Nosso trabalho é ser um facilitador, fazendo essa ponte com a comunidade que tanto precisa. Sem uma sede, nossos esforços são limitados. Hoje tudo que angariamos vai destinado para o pagamento dos medicamentos, da gasolina, pagamento de exames. Sonhamos com um espaço que seja nosso de forma documentada, para a partir disso, buscarmos formas de ampliar ainda mais os serviços prestados para população, assim como as Redes de outros municípios desenvolvem.

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