Ontem comemoramos o Halloween. Inspirada na cultura americana, a data se espalhou pelo mundo com suas fantasias, máscaras e seres sobrenaturais. Monstros, bruxas, criaturas que assustam. Confesso que não aprecio uma data para cultuar esse tipo de personagem; porém, ela existe e podemos aproveitá-la para algo positivo, como uma reflexão sobre a temática. Em meio a tudo isso, talvez este seja um bom momento para nos perguntarmos: quais são os monstros que nós mesmos alimentamos? Que bruxas silenciosas invocamos todos os dias?
Esses monstros não são figuras de um conto de terror. Eles estão dentro de nós. São aqueles medos sutis que moldam nossas escolhas, são as inseguranças que nos fazem duvidar, as vozes internas que sussurram que não somos bons o suficiente. Por vezes, eles se disfarçam de perfeccionismo, usando a autocrítica para nos convencer de que precisamos ser impecáveis. Outras vezes, são as comparações que assombram nossos pensamentos, os fantasmas que fazem cada passo parecer menor do que o do outro. São esses monstros internos que carregamos, mesmo quando tentamos silenciá-los.
E as bruxas? Ah, as bruxas! Essas são ainda mais traiçoeiras. São aquelas vozes que se infiltram em nossa mente, dizendo: “Você não merece”, “Não é para você”, “Quem é você para sonhar tão alto?”. Elas nos lançam feitiços de autossabotagem e dúvidas, construindo barreiras invisíveis entre nós e nossos desejos. Cada vez que deixamos o medo de falhar falar mais alto, fortalecemos essas bruxas. Cada vez que escolhemos nos conformar ao invés de tentar, renovamos seus feitiços.
No Halloween colocamos máscaras — ou filtros e edições no mundo virtual. Mas será que precisamos nos cobrir para esconder quem realmente somos? Ou precisamos, finalmente, despir-nos desses medos e sombras que cultivamos por tanto tempo? É hora de questionar: quais monstros têm nos visitado à noite? Quais bruxas ainda nos prendem em suas teias? E que, ao menos, sejamos justos a ponto de ouvir outras vozes também: as das fadas, das forças positivas, aquelas que nos engrandecem e nos mostram o outro lado das fantasias, não apenas os lados nocivos.
Convido você a olhar para esses monstros e bruxas de frente. Não para se esconder, mas para reconhecer o que é preciso deixar para trás. Porque talvez o maior terror não seja o que encontramos nas sombras, mas a coragem de encarar quem somos de verdade, sem máscaras, e reconhecer que a única coisa a temer é o tempo de vida gasto em questões que não nos engrandecem. Que tal, hoje, exorcizar as amarras e escolher enfrentar o que há do outro lado do medo? Do outro lado do medo, existe a liberdade de sermos quem realmente somos. Pense nisso!
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