A cena é cada vez mais corriqueira: Centenas de televisores do modelo analógico empilhados na sala onde o técnico Ailton Alberto dos Santos faz os devidos concertos. Um breve bate papo com o profissional é o suficiente para arrecadar inúmeras histórias e fazer uma análise sobre a mudança no comportamento do consumidor nos últimos tempos. Filho do saudoso “seo” Alberto e de dona Tereza, o focalizado iniciou na atividade há 16 anos: “É incrível como o tempo passa. Parece que foi ontem que comecei como assistente e hoje já estou trabalhando em minha própria sede, lidando com o reparo não apenas de televisores, mas também de aparelhos de DVDs e outros eletrônicos”, recorda Ailton, que pode ser considerado um autodidata na área: “Sempre gostei deste universo.Comecei sem conhecimento técnico algum, tendo como base apenas minha curiosidade. Claro que os primeiros companheiros de trabalho deram uma instrução valiosa, mas o resto fui descobrindo e aprendendo no decorrer dos anos”. Casado com Adriana, com quem tem os filhos Gabriel e Rafaela, o técnico acredita que para encarar a profissão seja necessário habilidade e muita paciência: “ É um trabalho minucioso, onde no aconchego de minha cadeira, abro cada aparelho e vou em busca do problema. As vezes levo horas em um único caso”, explica o profissional, que chega a concertar até 10 tvs ao dia. Sobre os inúmeros orçamentos realizados e dos aparelhos que ficam a mercê da boa vontade dos donos para serem buscados, ele avalia: “Aqui tenho mais de 300, os quais as pessoas não tiveram interesse em vir buscar. Com o mundo de hoje, nas facilidades de compra e no desejo de ter sempre o mais moderno, o povo não quer mais saber do famoso caixote”. Quando questionado sobre o que faz com este grande volume de produtos tecnológicos, ele responde: “Como ainda não providenciei um termo, o qual as pessoas estejam cientes do prazo de 90 dias para retirada do aparelho e não se tenha mais o interesse de concerto, aguardo passar pelo menos 3 anos para aí sim, tentar negociar peças e ver o que pode ser reaproveitado para reciclagem”. Nas horas de folga, surpreendentemente Ailton foge da tecnologia: “Já tenho contato demais com a televisão durante os dias de semana. Meu tempo livre é pescando ou jogando futebol com os amigos”.