Um misto de habilidade manual somada a muita dedicação. É com esta receita, nos fundos de uma casa, no bairro Progresso, que o afiador Marcos Aurélio Geraldino passa grande parte dos seus dias. Há 20 anos no ramo, apresentado ao ofício através do saudoso Lucas Feuser, o lagunense é um dos únicos a desenvolver a atividade em nossa cidade. Filho de dona Maurina Geraldina, o afiador iniciou a vida profissional na tecelagem: “Foi uma primeira experiência, mas que durou pouco tempo. Assim que surgiu a chance de trabalhar em algo que iria me proporcionar mais autonomia, decidi investir”. Em dias de movimento, o focalizado chega a receber até 40 alicates: “A grande demanda é na segunda-feira. Dia em que os salões estão fechados e que as manicures aproveitam para arrumarem seus equipamentos de trabalho”, esclarece. Paralelo a atividade, Marcos também é chaveiro e crê que para ambas as funções seja necessário o mesmo dom: “Apesar do maquinário, os serviços são muito artesanais. É a habilidade e o aprendizado que trazem um bom resultado”. Quando questionado sobre a rentabilidade financeira, avalia: “ Vivemos em uma cidade relativamente pequena. Não posso cobrar os valores aplicados em grandes centros, como Criciúma ou Florianópolis, que ainda possuem a vantagem de ter um fluxo de pessoas muito maior”. Além do aprendizado técnico, a experiência com o ser humano e o comportamento, é algo que ele vivencia no decorrer dos anos: “Lidar com o público requer sensibilidade, pois as pessoas tem temperamentos diferentes. É preciso ser muito flexível e educado”. Com disposição de sobra, a aposentadoria não faz parte dos seus planos, pelo menos, não tão cedo: “Posso até me aposentar, mas não me vejo parado. Como a atividade não requer um esforço físico tão grande, enquanto Deus me der firmeza nas mãos, estarei na lida”. Casado com Ana Cristina, com quem tem os filhos Samuel e Késia, nas horas de folga é no universo da leitura que ele encontra o descanso: “Sou apaixonado por História. Mas para ler, não tenho restrição. Se o assunto for bom, já está valendo”. Sobre a chance de passar o legado para o filho, o afiador explica: “Hoje o Samuel pensa em seguir carreira na Aeronáutica, mas procuro traze-lo algumas vezes para o meu serviço, para que acompanhe a aprenda a técnica, não com o desejo de que esta seja sua profissão, mas para que no futuro possua uma alternativa a mais”.
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