Aquicultura e Pesca

Aquicultura & Pesca

O mito sobre o salmão de cultivo:
sim, é saudável consumi-lo!
Não é de hoje que se escutam diversos mitos sobre o consumo do salmão cultivado. Dentre as inverdades ditas em redes sociais e outros meios de comunicação incluem a sua má qualidade nutricional, principalmente relativo a ausência de ácidos graxos essenciais como os ômegas-3; e a presença de pigmentos que poderiam causar doenças. No entanto, é importante compreender o porquê dessas “lendas urbanas” serem lançadas na mídia. O setor da Aquicultura, ou cultivo de organismos aquáticos, é um dos setores do “agrobusiness” que mais cresce no mundo, incluindo o Brasil, com valores médios de 10% ao ano. Outras atividades que produzem proteína de origem animal como a bovinocultura de corte, a avicultura e a suinocultura, possuem crescimento médio em torno dos 3% ao ano. Neste contexto, “falsos marketings” e informações errôneas são lançadas sem nenhum embasamento técnico-científico, visando denegrir a imagem de produtos da aquicultura, como é o caso do salmão, um dos principais do setor a nível mundial. Em relação as inverdades relacionadas aos aspectos nutricionais e a sua coloração, o salmão, como diversos outros animais (incluindo o ser humano), não produz o ômega 3, precisando assim buscar este nutriente da dieta. Na natureza ele se alimenta de moluscos,peixes menores e diversos crustáceos, que por sua vez consomem microalgas e outros grupos de plânctons, como se os reciclasse, e assim obtêm o ômega 3 e sua famosa cor rosada. A série ômega 3, é composta, principalmente, pelos ácidos graxos linolênico, eicosapentaenoico (EPA) e docosaexaenoico (DHA).Esses ácidos graxos são essenciais para a espécie, pois sem eles pode ocorrer a redução no crescimento, do potencial reprodutivo, debilidade do sistema imunológico, além do surgimento de patologias que podem levar o animal a morte.Assim, para garantir o bom crescimento e a saúde desses peixes, na ração fornecida durante todo seu cultivo é obrigatória a presença dessesômega 3. Consequentemente, o produto final consumido por nós oriundo do salmão de cultivo como os filés, postas, etc, e elaborado na forma de sushis e outros pratos, contém sim ômega 3.

Salmão  Foto/Fonte/Leonardo Wen/Folhapress

Já em relação ao mito dos pigmentos, o uso de corantes e pigmentos na culinária é algo muito antigo, que remete a séculos na nossa história. O famoso “coloral”, que é um pigmento natural extraído de uma árvore, ou outros corantes mais nobres como o “curry”, são exemplos clássicos deste uso. Mas no salmão, o uso e a presença decorantes são totalmente banalizados.  Vele ressaltar que opigmento do salmão “selvagem” vem de um carotenoide natural dos crustáceos e de outros itens alimentares já supracitados. Os peixes que estão no cativeiro, sem acesso aos crustáceos, recebem este pigmento via ração, que é fabricado, mas sua molécula é similar à natural. Em cativeiro, sem acesso ao alimento natural, o salmão teria a carne branca. Assim, a suplementação com pigmentos como a astaxantina, que, inclusive, tem propriedades antioxidantes e anticancerígenas, garante a deposição desse carotenoide na musculatura, produzindo a coloração desejada deste pescado. Até o momento não existe na literatura informações que o uso destes pigmentos no salmão possam provocar danos a saúde do homem. Assim, temos que ter muito cuidado com o que lemos. O salmão de cultivo, assim como outros pescados oriundos da Aquicultura, são fontes de nutrientes de altíssima qualidade essenciais para a manutenção da saúde do homem. Sendo assim, um bom apetite a todos!

por:

Prof. Dr. Eduardo Guilherme Gentil de Farias, Engenheiro de Pesca
Prof. Dr. Giovanni Lemos de Mello, Engenheiro de Aquicultura
Prof. Dr. Jorge Luiz Rodrigues Filho, Biólogo
Prof. Dr. Maurício Gustavo Coelho Emerenciano, Zootecnista
aquicultura.pesca@gmail.com

 

Deixe seu comentário