Aquicultura e Pesca

Menos água, menos peixes!!!

A coluna dessa semana faz menção a um dos principais problemas enfrentados na atualidade pela Aquicultura no Brasil: a crise hídrica! Apesar das “torneiras” não fecharem aqui no sul do Brasil, com índices pluviométricos recordes, São Pedro não fez as pazes com o restante do país. Mas o que isso tem a ver com a produção de peixes? Tem tudo a ver! E vamos entender o porquê.Hoje o carro-chefe dos cultivos de organismos aquáticos no Brasil é a tilápia. Boa parte da ascensão do cultivo nos últimos anos, desta espécie, ocorreu em tanques-rede, em reservatórios, altamente dependente dos regimes de chuvas. Mas antes de falarmos da seca, vamos conhecer um pouquinho mais porque as tilápias são consideradas a “menina dos olhos” da piscicultura nacional. Esta espécie, que representa mais de 40% do total de pescado proveniente da aquicultura continental brasileira, destaca-se pela sua rusticidade, rápido crescimento, tolerância a diferentes condições ambientais, e principalmente pela boa aceitação pelo mercado consumidor “canarinho”. Apesar de muito apreciada e consumida em todo território nacional, em terras regionais, ou seja, no litoral sul catarinense, ela “ainda” não é muito popular. Ainda!Sua carne delicada encantou os brasileiros e seu preço, pago ao produtor, pode chegar a mais de R$5,00/kg do peixe vivo em mercados do nordeste e sudeste brasileiro. Ou seja, um preço bem interessante pago aos produtores, levando em consideração que o custo de produção em alguns casos chega a menos de R$3,00. No entanto, os cultivos “ainda” não emplacaram em terras de Anita Garibaldi por causa dos baixos preços pagos aos produtores e grande competição com os peixes provenientes da pesca. Mas com a crescente demanda de peixes no Brasil, esse panorama certamente mudará. Voltando ao caso da seca, os reservatórios nordestinos e da região sudeste do Brasil chegaram a índices muito críticos, alguns com menos de 10% de seu volume total. Muitos desses reservatórios, que dão sustento aos cultivos de peixes, são utilizados para irrigação, recreação e “pior”, também para o abastecimento das cidades. Se eles ficam com pouca água, toda a matéria orgânica, detritos, entre outros, tendem a se concentrar nas pequenas áreas inundadas que restam. Como consequência, dão condições ótimas para o “florescimento” de algas nocivas. Estas algas podem, entre outros, asfixiar os peixes durante as noites. Isso porque elas “respiram” a noite e se tornam competidores dos peixes. Além disso, essas algas podem produzir toxinas, que são perigosas aos seres humanos quando ingeridas em grandes quantidades. Com este cenário, muitos produtores ficaram limitados, ou simplesmente deixaram de produzir. Mas esse episódio a curto e médio prazo pode trazer benefícios. Isso porque a falta de pescado no Brasil pode incentivar ou reacender os cultivos em outras regiões do país, como é o caso de áreas abandonas de carcinicultura. Com a demanda alta, e um preço mais competitivo, áreas antes impróprias “economicamente” falando, podem se tornar novamente atraentes e trazer oportunidades e divisas para vários municípios. Dedos cruzados e vamos aguardar o final dessa história que tem tudo para aquecer novamente a economia da nossa região.

 

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