“Bouchot” é um sistema de cultivo de mexilhões, considerada uma das primeiras técnicas de produção de moluscos que se tem notícia. Neste sistema, eles são acondicionados em redes tubulares, as quais são envoltas em grandes estacas, fixas no mar.
Segundo o Prof. Dr. Luís Alejandro Vinatea Arana em seu livro “Fundamentos de Aquicultura”, o sistema bouchot, ou de estacas, uma das técnicas de cultivo mais utilizadas na França, surgiu a partir de observações do sobrevivente de um naufrágio, chamado Patrick Walton, em 1235. Walton, que a princípio enterrou estacas entre marés com o outro propósito, logo notou que mexilhões fixavam-se à estrutura e cresciam rapidamente.
Os cultivos modernos de mexilhões no sistema bouchot datam de 1956, na costa leste da Península de Contentin (Normandia) e, posteriormente, em 1963, na costa oeste (regiões de Agon e Pirou). Nos 30 anos seguintes, a região da Normandia tornou-se a principal produtora mundial de mexilhões no sistema bouchot.
Na França, a produção de mexilhões envolve duas espécies: Mytilusedulis, que é amplamente distribuído ao longo da costa atlântica da Europa e Mytilusgalloprovincialis, encontrado principalmente nas margens do Mediterrâneo e na costa atlântica portuguesa.
Em julho de 2006, os mexilhões bouchot da baía do Mont Saint-Michel foram premiados com uma denominação de origem controlada (AOC). A designação AOC é concedida a um alimento, geralmente um vinho ou um queijo, cujas características estão relacionadas exclusivamente ao seu lugar de origem. Os mexilhões bouchot foram os primeiros frutos do mar na França a receberam esta certificação de origem.
Na última estimativa (2011), cerca de 50 mil toneladas de mexilhões bouchot foram produzidos na França, quantidade equivalente a mais do que o dobro de todos os mexilhões produzidos no Brasil. A maior parte dos mitilídeos franceses são cultivados na região da Bretagne (37%), seguida por Normandie-MerduNord (28%), Poitou-Charentes (24%) e de Pays de la Loire (11%).
O PIB dos mexilhões bouchot francesas é de US$ 105 milhões/ano.
Por:
Prof. Dr. Eduardo Guilherme Gentil de Farias, Engenheiro de Pesca
Prof. Dr. Giovanni Lemos de Mello, Engenheiro de Aquicultura
Prof. Dr. Jorge Luiz Rodrigues Filho, Biólogo
Prof. Dr. Maurício Gustavo Coelho Emerenciano, Zootecnista
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