Gabriela Pedroso

Você está segmentado?

Nosso mundo está ficando cada vez maior. E cada vez menor também. Por um lado, temos acesso a cada vez mais informação e conhecimento, e podemos nos comunicar com praticamente qualquer lugar do mundo em apenas alguns segundos. Eu posso morar em Florianópolis, trabalhar em São Paulo, ter um cliente em Las Vegas e fazer conferências com alguém que esteja em Hong Kong ou em Paris… ou do outro lado da cidade, se o trânsito estiver muito ruim. Porém, por mais que tenhamos um número quase que ilimitado de possibilidades, elas ficam restritas à nossa vontade de desbravá-las.
Hoje o maior sistema de busca do mundo é o Google. O segundo maior é o Youtube. A rede social mais utilizada no Brasil é o Facebook e cada vez mais migramos da TV para o Netflix. E você sabe o que todas essas ferramentas, além de tantas outras que não cabem aqui, têm em comum? Um código, um algoritmo de restrição de informação. Ou melhor: de exibição de informação. O que será exibido para você, ao utilizar qualquer um desses aplicativos, é única e exclusivamente baseado no seu interesse prévio. Isso acontece por dois motivos, dentre vários outros: 1) Para te agradar e te manter mais tempo ali; 2) Para vender.
Explicando melhor: cada vez que você faz uma pesquisa, curte um artigo ou uma foto, assiste um vídeo ou um filme, o sistema guarda informações sobre as suas preferências e começa a segmentar o seu padrão de comportamento. A partir daí serão sugeridas atividades, páginas, livros, vídeos e até mesmo pessoas que se encaixem dentro desse padrão. Ok, por um lado isso é bem legal, porque você não fica sendo bombardeado com informações que não te interessam. Por outro, é exatamente essa a questão: você raramente é exposto a coisas novas, e perde a possibilidade de se encantar pelo desconhecido.
E assim, pouco a pouco, um mundo imenso se encolhe e torna-se o nosso mundo restrito e segmentado, em que visitamos os mesmos lugares, com pessoas com os mesmos gostos, que assistem vídeos sobre os mesmos assuntos e compartilham as mesmas piadas que se repetem nos grupos de whatsapp. A solução, caso você queira, é entender que o diferente não significa errado ou ruim. O novo não é um bicho de sete cabeças e pode, sim, ser compreendido. Saia um pouco do casulo, explore o mundo. A partir do momento em que o seu interesse estiver um pouco além do círculo que você mesmo traçou, tudo parecerá maior.

Gabriela Besen Pedroso – www.gabrielapedroso.com.br

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