Comissária de bordo, a lagunense compõe a tripulação que realiza vôos para Europa, EUA e América Latina.
Aquela menina que “seu” Miró levava pela mão no aeroclube hoje concede entrevista ao JL diretamente de Madrid, na Espanha. O sonho de se tornar comissária de bordo, que por muitos foi considerado utopia, não deixou Letícia Miró Nobre desistir. Apenas serviu de estímulo para a lagunense que há mais de dez anos sobrevoa pelos “céus” tendo na rota os destinos internacionais.
Com mais de 10 anos de experiência, dominando na língua inglesa, a transição para a tripulação de voos com destino a Europa, Estados Unidos e América Latina, aconteceu de forma natural: “O conhecimento, somado aos predicados necessários foram ajudando a construir meu currículo. Realizo cerca de 4 viagens por mês, o que me faz atingir o limite de horas mensais mais cedo, visto que chego a passar 12 horas no avião”, explica Letícia que usa o tempo a mais de folga, para aprimorar seu conhecimento: “Minha rotina mudou consideravelmente. Grande parte do meu trabalho é no período noturno, o que me fez optar por aproveitar para retornar a universidade. Estou cursando Direito”.
Mas nem tudo foi perfeito na trajetória da profissional. Entre os estudos na EPC Condor e a admissão, muitos acontecimentos ocorreriam: “Assim que me formei no terceiro ano do Ensino Médio fui para Florianópolis, fiz um curso de quatro meses, em que pude aprender sobre minha profissão, a regulamentação, além das noções de aeronaves e meteorologia. Após isso, passei por uma prova no extinto DAC (Departamento de Aviação Civil), onde tirei minha carteira para ter a licença de trabalho. Aos 19 anos fui contratada pela VASP, que acabou fechando meses depois”.
Com o apoio da família e principalmente dos pais, Gerson e Helena Nobre, Letícia voltou para a cidade. Sem deixar o desânimo contagiar, continuou a enviar currículos para outras empresas: “Foi um tempo de muita indecisão. Fiquei meses sem saber o que seria do meu futuro, até ser chamada pela empresa a qual estou até hoje”, relembra. A rigidez e a disciplina impostas pela profissão passam batido para a comissária que valoriza as oportunidades oferecidas por sua carreira, como a ausência de rotina e a liberdade, além da chance de conhecer novos lugares, pessoas e culturas. Letícia só vê como empecilho a saudade da família: “Não poder estar presente nas datas importantes, é o que mais me deixa triste, afinal meus familiares foram os únicos que nos momentos difíceis sempre me deram apoio. Mas também me leva a dar muita importância a todos os momentos que passo com quem gosto, por mais simples que sejam”, declara.
Quando está em Laguna, ela elenca as programações que não perde por nada: “Amo caminhar na nossa praia, comer um prato de camarão, dar uma volta no centro, e claro, curtir a companhia dos meus pais e amigos”.