Gabriela Pedroso

Rasgue seu currículo – ou parte dele

Os tempos mudaram. E continuam mudando, como eu já falei várias vezes, a uma velocidade realmente assustadora. Como consequência disso, eu percebo uma tendência cada vez mais presente e crescente: a desvalorização do currículo na sua forma tradicional. E por que estou dizendo isso? Porque, cada vez mais, as pessoas estão contratando habilidades e resultados, e isso normalmente não se comprova através de um pedaço de papel.
Muitas pessoas acreditam que, para conseguir uma promoção, um emprego melhor ou se tornar um profissional mais valorizado, o importante mesmo é fazer mais um curso. Alguns acreditam que o segredo é fazer faculdade, outros querem colecionar pós graduações, enquanto tantos acreditam que a fórmula mágica é somar horas e certificados. Tudo bem, estudar é ótimo, e eu não vejo nada de errado com isso. Aliás, eu acredito que o aprendizado nunca acaba, e devemos evoluir sempre, aprendendo coisas novas e adquirindo conhecimentos e habilidades. Mas preste atenção quando eu digo: a valorização do conhecimento institucionalizado está com os dias contados…
Por favor… é óbvio que se você for médico, dentista, advogado, contador – ou seja, se você exercer qualquer uma dessas profissões altamente regulamentadas, você pode ignorar uma parte do que estou dizendo aqui – pelo menos por algum tempo. Por outro lado, para vários outros cenários, as pessoas estarão mais preocupadas com o que você pode entregar do que com a quantidade de especializações que você fez. Cada vez mais o seu contratante valorizará mais o que você compartilha no facebook e a maneira como você se comporta na empresa do que aquele treinamento de Excel avançado que você fez.
Criatividade, empatia, polivalência, pensamento crítico e agilidade. Essas são algumas das competências que serão mais valorizadas com o decorrer dos anos. É muito mais fácil ensinar você a fazer o seu trabalho do que ensiná-lo a ser proativo. Cada vez mais empresas sabem que vale muito mais a pena ensinar a técnica a alguém que aprende rápido do que contratar um superespecialista sem inteligência emocional. E você? Quais dessas habilidades você ainda precisa desenvolver? De que forma você mostra seus resultados e a sua capacidade de entrega?
Essa é a minha dica para você hoje: ao invés de ficar se preocupando em encher linguiça no seu currículo – ou com as linguiças nos currículos dos outros – foque em adquirir conhecimento verdadeiro e habilidades que realmente façam a diferença na hora de fazer o seu trabalho. Os livros que você leu de verdade e com paixão dirão muito mais sobre você do que os cursos que você fez para cumprir tabela. Esqueça o modelo antigo, ele muito em breve já não funcionará mais. Seja bem vindo à era da contratação 2.0.

Gabriela Besen Pedroso – www.gabrielapedroso.com.br

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