A coluna desta semana destaca uma das últimas fronteiras alcançadas pelo vírus da mancha-branca: o território australiano! Em recente matéria divulgada pelo site “FIS.com” (FishInformationand Services) foi divulgado informações sobre o primeiro relato da WSSV (sigla em inglês para o vírus) na Austrália. Vale ressaltar que naquele país a carcinicultura é fundamentalmente baseada no camarão-tigre (Penaeusmonodon), camarão nativo daquela região; e não do Litopenaeus vannamei ou camarão-branco do Pacífico, exótico e amplamente cultivado no Brasil e o mundo. Esta espécie que já foi a mais produzida mundialmente apresenta características zootécnicas como boas taxas de crescimento, hábito alimentar mais carnívoro comparado ao L. vannamei, reprodução dominada e uma domesticação mais recente. Ou seja, até pouco tempo todos os reprodutores eram capturados na natureza, acarretando em riscos de introdução de doenças e menor adaptação ao ambiente confinado.
A matéria, publicada neste mês de dezembro, cita que as autoridades australianas colocaram sob “controle de movimentação” uma fazenda situada no estado de Queensland, nordeste da Austrália. A fazenda, que fica ao sul da capital Brisbane, foi notificada positiva para o WSSV em análises feitas pela Australian Animal Health Laboratory, laboratório certificado pela Biosecurity Queensland, órgão competente daquele estado. Segundo a matéria, toda a indústria foi notificada, e o órgão competente está no local trabalhando em estreita colaboração com os funcionários da fazenda para garantir que os processos de biossegurança necessários sejam seguidos, incluindo o vazio completo do local. O chefe de biossegurança, Jim Thompson, ainda enfatizou: “A Austrália é considerada livre do vírus e este é o primeiro caso confirmado que tivemos em fazendas de cultivo. Os camarões infectados não representam qualquer risco para a saúde humana, e não há nenhuma sugestão de que qualquer produto atualmente no mercado seja de alguma forma afetado”. Ele ainda completa: “Todo o movimento da água da fazenda foi paralisado e os viveiros afetados foram tratados para minimizar qualquer risco de propagação”. Este parece ser um caso isolado e, segundo a matéria, não terá qualquer impacto sobre o suprimento de camarão para a temporada de férias no território australiano. Se seguidas as medidas de controle, o futuro da atividade parece não estar comprometida neste país que valoriza bastante o camarão produzido localmente.
Prof. Dr. Maurício G. C. Emerenciano, Zootecnista.