Desde o segundo semestre de 2010, a Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) oferece semestralmente 40 vagas para o ingresso de discentes no curso de bacharelado em Engenharia de Pesca, que ora encontra-se lotado no Centro de Educação Superior da Região Sul (CERES). Já se vão quase sete anos desde o primeiro vestibular e na Laguna a mesma pergunta ainda persiste: O que é Engenharia de Pesca? Bem, esta semana a coluna Aquicultura & Pesca irá discorrer brevemente sobre o tema, enfatizando as potencialidades deste importante profissional. A Engenharia de Pesca é um ramo multidisciplinar que reúne conhecimentos em ciências exatas, biológicas e engenharias, tendo como objeto a utilização racional dos recursos pesqueiros no âmbito da extração, cultivo, conservação e biotecnologia. Com apenas vinte e dois cursos de graduação no Brasil e, aproximadamente, quatro mil e quinhentos profissionais egressos dos diferentes cursos de graduação espalhados pelo país, o Engenheiro de Pesca possui papel estratégico no desenvolvimento de novas tecnologias para a produção sustentável de pescados.
Qual é o mercado de trabalho do Engenheiro de Pesca?
O Brasil possui um extenso litoral, farta disponibilidade de água doce e um grande potencial para cultivo, captura e beneficiamento de pescado, o que facilita uma ampla inserção do Engenheiro de Pesca no mercado de trabalho. Na aquicultura, o Engenheiro de Pesca irá atuar no dimensionamento de estruturas de cultivo em ambientes confinados, destinados à reprodução e engorda de organismos aquáticos. Poderá atuar na área de nutrição e melhoramento genético de peixes, moluscos, crustáceos e outros recursos de origem aquática, bem como no desenvolvimento de métodos de cultivo. Na captura, o Engenheiro de Pesca desempenha função estratégica, podendo detectar áreas de pesca, utilizando dados oriundos de satélites e hidroacústica. O profissional também poderá atuar no desenvolvimento de técnicas de prospecção sustentável e no dimensionamento de estruturas de apoio à atividade. Visando a preservação e exploração racional dos estoques comercialmente viáveis, o Engenheiro de Pesca poderá atuar na dinâmica das populações pesqueiras, gerando modelos matemáticos que expliquem a ecologia, o ciclo de vida das espécies capturáveis e as interações entre as comunidades pesqueiras e o meio físico. O Engenheiro de Pesca poderá atuar no beneficiamento dos recursos oriundos da pesca e aquicultura, desenvolvendo métodos de conservação, processamento e dimensionando de estruturas de refrigeração. Dessa forma, o profissional acompanha toda a cadeia produtiva dos recursos pesqueiros, garantindo a qualidade, sustentabilidade e maximizando a eficiência da pesca e da aquicultura. Considerando os atuais desafios de sustentabilidade e gestão dos recursos hídricos, o Engenheiro de Pesca poderá atuar em empresas de consultoria no âmbito do monitoramento ambiental, quantificando os possíveis impactos advindos da ação antrópica sobre o ambiente aquático. Cabe salientar que o crescimento do setor pesqueiro faz parte dos planos do governo para aumentar a produção de alimentos para os mercados interno e externo. Desse modo, tem sido observada uma demanda cada vez maior por engenheiros de pesca em órgãos públicos destinados à regulamentação do setor (Secretarias de Governo, IBAMA e ICMBio) e à pesquisa (EMBRAPA, EPAGRI, etc). A profissão é regulamentada pela Lei 5194, de 24/12/1966. O piso salarial da categoria é de 8,5 salários mínimos para 8 horas/dia de trabalho, segundo informação do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia – CREA.
Por:
Prof. Dr. Eduardo Guilherme Gentil de Farias, Engenheiro de Pesca
Prof. Dr. Giovanni Lemos de Mello, Engenheiro de Aquicultura
Prof. Dr. Jorge Luiz Rodrigues Filho, Biólogo
Prof. Dr. Maurício Gustavo Coelho Emerenciano, Zootecnista
aquicultura.pesca@gmail.com