“Dia 13 de junho é dia de Santo Antônio, padroeiro de Laguna. Dia triste, porque significa que é o ultimo dia da Festa de Santo Antônio, ou seja, “cabô” quentão na praça pós-expediente. Dia feliz, porque é dia de procissão e comemoração na cidade.
Aparentemente, Santo Antônio é o Santo dos milagres e causas perdidas – ou seja, o Santo casamenteiro. Diz que quem bate na porta da igreja à meia noite do dia 13, arruma marido. Moro em Laguna há seis anos e nunca batí, o que talvez explique muita coisa. De qualquer forma, um padre me contou uma história na Igreja de Santo Antônio, em Portugal. Era algo assim:
Tinha uma moça, e essa moça tinha um moço. Aliás, não tinha não! Essa moça era apaixonada por um moço. Ela acreditava de verdade que esse moço era o amor da vida dela. Carne e unha, alma gêmea, metade da laranja, bate coração, etc etc. Só esqueceram de contar isso pra ele. Ela lá, apaixonada, puxava o cordão do manto do santo e pedia para que ele ajudasse a clarear o caminho do mozão até ela.
Ah é, tem outra coisa: você tem que segurar no cordão do manto da estátua do Santo que esta na igreja em Portugal e fazer seu pedido. Bater na porta não sei se funcionava por lá, mas o cordão é real.
Voltando.
Ela, apaixonada pelo moço, segurava o cordão do santo e pedia ajuda pra conquistar o que ela acreditava ser o amor de sua vida. O moço, por sua vez, seguia a vida sem saber o que estava acontecendo.
Quanto mais longe de conquistar o amado, ela se sentia, mais ajuda ao Santo ela pedia. Foram anos de pedidos, reza, novena, promessa, velinha acesa, puxação de cordão e nada desse Santo dar uma ajudinha. Até que um dia um noivado aconteceu.
Não, não era a moça e o moço não. O insensível ficou noivo de outra. COMO ELE PÔDE?
Era um dia de chuva e frio quando a moça ficou sabendo. Esse detalhe foi incrementado por mim. O padre em Portugal não comentou nada sobre a meteorologia do dia em questão, mas pareceu-me que um dia de frio e chuva seria apropriado para a ocasião. Contaram a ela que o amor de sua vida estava prestes a se casar com alguém e esse alguém não era ela. Depois de tanto ela pedir ajuda para o Santo, ele tinha simplesmente ignorado, visualizado e não respondido, deixado ela na mão desta forma?
Num último ato de desespero, a moça correu para a igreja e, com os olhos cheios de lágrimas (de novo, o drama foi incluído por mim), segurou o cordão do manto do Santo e mentalizou seu pedido. O problema é que o desespero era tanto que ela não calculou sua força e a estátua do Santo – que como vocês podem imaginar, não é levinha – caiu sobre ela. Ela foi parar no hospital.
Algum tempo depois, casou-se com o enfermeiro que havia cuidado dela.
Moral da história: quando é a pessoa certa, o Santo ajuda. E se não é… Não adianta pedir pro Santo.”
(*Por Maria Helena Loch Padilha)
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