Nasceu em Laguna, em 29/06/1919, filha de Custódia Zeferino. Residiu no morro da Glória. Aos 17 anos casou com Gerenaldo José da Rosa, com quem teve 11 (onze) filhos. Após seu casamento, foram morar na cidade de Santos/SP, mas como as coisas não saíram como o casal havia planejado, retornou para Laguna no mesmo ano do casamento. A partir de 1940, surgiram os sintomas de Mediunidade, após um período de sofrimentos, procurou o médium de nome Joãozinho. Ela auxiliava no desenvolvimento da mediunidade atendendo aos necessitados na própria casa do necessitado. Com a morte deste senhor, em 1945 aceitando convite de José Paulo Arantes, ingressou no Centro Espírita Fé, Amor e Caridade. Nesta época, o Centro Espírita não permitia a presença de acompanhantes; acabavam ficando do lado de fora à mercê do tempo e das condições da rua; não havia luz elétrica e nem calçamento nas ruas. Era o ano de 1951, quando grávida de seu quinto filho e pela dificuldade de deslocar-se do Morro da Glória até o Centro, de comum acordo com seu esposo, afastou-se do centro, passando a atender as pessoas necessitadas em seu lar. Em 1958, havia trocado de moradia e estando residindo no numero 04 da Rua Voluntário Benevides, por sugestão dos espíritos Pai Jacó, Irmã Taciana e Dr. Isaias, montou um pequeno altar na sala de sua casa e ali atendia as pessoas que procuravam em busca de curas para seus males, sendo a maioria da clientela, crianças desenganadas pela medicina. Em 1962, seu esposo negociou a morada e foram residir no numero 42 da mesma rua onde abriram um pequeno comércio de gêneros alimentícios, mas o negócio não deu certo e em 1964, a família mudou-se para a cidade de Santos, onde ficaram até agosto do mesmo ano. De volta para a Laguna, sob a influência dos espíritos Caboclo Arruda e seu Tranca Rua, reiniciou as atividades espirituais, agora atendendo com as entidades ditas de Umbanda. No início de 1965, devido a apelos e pedido dos espíritos e guias, foi aberto nos fundos do imóvel, um pequeno espaço, marco do primeiro Centro de Umbanda em Laguna, sendo registrado com o nome de Tenda Espírita São Jorge.
No início, as sessões eram feitas à tarde, pois não havia luz elétrica. Tempos depois, passou a ser à noite.
O terreiro da Dona Paula, assim conhecido, ficou ativo até o ano 2003. Hoje está na lembrança daqueles que conviveram e conheceram.
Filha de Xangô e Iansã, Paula trabalhava com os Orixás Xangô, Iansã, Iemanjá, Ogum e seus guias espirituais, caboclo Arruda, chefe do terreiro, Pai Jacó, Pai Guiné, Tia Joana, Tranca-Ruas das Almas, que abria a gira do povo de rua e Sete Encruzilhadas que fecha a gira, Pombogira Negra, Osvaldinha e Daum. Além de seus guias e Orixás de Umbanda, Paula trabalhava com os mentores Dr Isaias e Irmã Taciana.
O terreiro da Dona Paula, assim como era chamado, foi muito conhecido durante as décadas de 60, 70 e 80. Na década de 90, Paula fica mais afastada dos trabalhos, devido a um derrame, mas nunca deixava de comparecer às sessões, alternando os dias. Final da década de 90, Paula tem outro derrame vindo a falecer no dia 03 de agosto de 2000.
Com o falecimento de Dona Paula no ano de 2000 o terreiro fecha as portas, reabrindo no ano de 2002 com o comando de Maria José Paulo da Rosa e perdurou até 2003, vindo a fechar definitivamente.
Dona Paula participou do 2º Congresso de Umbanda realizado em Laguna em 1978, organizado pelo SOUESC.
Paula realizava suas festas aos guias e orixás com muita devoção. Sete homenagens eram realizadas.
1ª: No dia 20 de janeiro era realizado a homenagem a Oxóssi, patrono dos caboclos representado pelo chefe Caboclo Arruda.
2ª: A festa em homenagem aos pretos-velhos no dia 13 de maio acontecia com muito amor e dedicação pelo fim da abolição da escravatura.
3ª: A festa ao Seu Tranca-Ruas, realizada na virada do dia 12 para o dia 13 de junho era famosíssima.
4ª: Na festa de Cosme e Damião, no dia 27 de setembro, realizava a tradicional sopa, distribuída a todas as crianças e adultos presentes. Logo após, o pessoal já se organizava numa fila, que crescia à medida que a hora passava. Uma fila gigantesca que dobrava o quarteirão para poder pegar um saquinho de guloseimas, uma marca registrada do terreiro, onde eram distribuídos ao som de cânticos pelos médiuns. À noite, acontecia a homenagem a São Cosme, São Damião e Doum. A terreira lotava. Tanto no salão como na assistência. Dona Paula realizava os batizados dentro da lei de umbanda.
5ª: No dia 30 de setembro, acontecia a festa de balanço espiritual ao orixá Xangô, também seu Orixá de Cabeça.
6ª: No dia 08 de dezembro, ou num domingo próximo, o terreiro se organizava para ir para a cachoeira em São Tomas – Cachoeira dos Pilões. Antes de o sol raiar, os médiuns já se organizavam defronte o terreiro esperando o ônibus. Cânticos ao som do atabaque eram realizados até a chegada à cachoeira.
7ª: No dia 31 de dezembro, era realizada a festa em homenagem a Iemanjá. Após a gira, os médiuns iam defronte ao mar para ver a entrega do barco à Rainha do Mar. Época em que no balneário Mar Grosso começava a se organizar nas festividades de final de ano.
Tempos áureos desse terreiro, hoje ficam guardados na memória daqueles que frequentavam e buscavam auxílio nessa grande chefe de terreiro.
(Por Abassá de Iansã Babalorixá Fabrício Santos)