A coluna desta semana faz menção a um risco que muitas vezes não passam de “hipóteses”, mas que cada vez mais vem se comprovando como real: o transporte de doenças via água de lastro dos navios! Mas afinal, o que é a água de lastro? A água de lastro é a água recolhida no mar e armazenada em tanques nos porões dos navios, com o objetivo de dar estabilidade às embarcações quando elas estão navegando sem cargas. Em alto-mar, um navio sem lastro pode ficar descontrolado, correndo até o risco de partir ao meio e até mesmo de afundar.Cifras citam que o volume de água movimentada nos lastros dos navios podem ultrapassar os 10 bilhões de litros ao ano.Para exemplificar esse problema vamos utilizar a carcinicultura (ou cultivo de camarões). Na nossa região o surgimento do vírus da Mancha Branca, que arrasou a atividade no estado, ainda é um mistério e sua verdadeira origem desconhecida.
Fonte e créditos: Heroldes Bahr Neto (www.http://heroldesbahrneto.com/navios-e-a-agua-de-lastro)
Em recente estudo publicado na revista cientifica “PlosOne”, que em 2014 foi a maior revista do mundo em número de artigos publicados, cita evidências claras de transferência de vírus de camarão marinho (neste caso a mionecrose infecciosa ou “IMNV”) através do Pacífico. O risco de transporte de vírus via água de lastro é frequentemente citado, mas nunca foi documentado como ocorrido neste artigo. O virus do IMNV foi inicialmente detectado no Brasil no inicio dos anos 2000, onde causou impacto significativo, e posteriormente foi reportado na Ásia implicando em perdas contínuas principalmente na Indonésia, Tailândia e China. Especulações citam que a doença poderia ter entrado via reprodutores, mas o artigo cita a transmissão via águas de lastro depois de ter encontrado evidencias do virus nas águas de lastro do porto de Singapura, bem como em cinco águas de lastro de outros portos: um da Ásia ocidental, dois do sudeste da Ásia, e de dois portos do Oceano Pacífico (Los Angeles e Long Beach, Califórnia, EUA). Este cenário é um sério problema, pois o virus ainda não havia sido relatado na América do Norte. Assim, o risco é eminente e autoridades certamente devem colocar mais atenção nesta problemática, evitando que doenças cheguem em nossas terras depois dessa viagem em “primeira classe” nos lastros dos navios.
Por:
Prof. Dr. Eduardo Guilherme Gentil de Farias, Engenheiro de Pesca
Prof. Dr. Giovanni Lemos de Mello, Engenheiro de Aquicultura
Prof. Dr. Jorge Luiz Rodrigues Filho, Biólogo
Prof. Dr. Maurício Gustavo Coelho Emerenciano, Zootecnista
aquicultura.pesca@gmail.com