Perfil

André Roberto da Silva Machado

Ainda que o som dos tambores das escolas de samba já tenha chegado ao fim com o término do Carnaval, nada mais justo do que enaltecermos os responsáveis pela perpetuação de nossa cultura. Uma dessas figuras é André Roberto da Silva Machado, atual presidente da Escola de Samba Vila Isabel, acadêmico do curso de Direito, que concilia o cargo com suas demandas profissionais.
Filho de dona Mara Rubia da Silva e de “seo” Bento José Machado, ele recorda como tudo começou: “Sempre estive ligado ao universo cultural de nossa cidade. Participei por alguns anos dos grupos teatrais lagunenses e assistia aos desfiles das escolas da janela da minha casa. Nascido e criado no centro histórico, abracei a Vila Isabel em 2010, na função de aderecista e de lá nunca mais saí”. Dali pra frente, André foi interagindo cada vez mais com o mundo do samba: “No ano seguinte, o hoje saudoso José Carlos Sabino me convidou para fazer parte da diretoria da escola. Comecei a atuar na parte burocrática, documentação e prestação de contas. Em 2017, com o falecimento do presidente, assumi a responsabilidade de junto aos outros integrantes estar à frente da escola”, explica.
Paralelo ao trabalho desenvolvido na Vila, André dedica-se a outra função: “Montei uma empresa de aprovação, captação e consultoria a entidades culturais. E assim divido meu tempo, entre o serviço, as responsabilidades da escola e o final da vida acadêmica. Todos os sábados abrimos o galpão e realizamos reuniões, limpeza e planejamento das ações socais”.
Sobre os desafios encontrados no universo do samba na terra de Anita, avalia: “A sobrevivência da nossa cultura é uma verdadeira luta. Em meu mandato, a escola passou a ser uma entidade social cultural. Com a falta de apoio do poder publico, sinto que o interesse da comunidade caiu. Nada que ameace a existência, mas é fato que se perdeu um pouco do fervor que se tinha em anos passados”. Ele ainda considera que o papel das escolas poderia ir além: “As sedes poderiam ser aproveitadas como centros culturais, dando oportunidade de aprendizado a juventude, aplicando cursos e resgatando jovens das drogas. A cidade não cresce e a população acaba vítima da própria pobreza. Falta uma cobrança por parte do povo quanto as ações do poder púbico”.
Nas horas de folga, André procura dividir seu tempo entre suas maiores paixões: “Gosto muito de estudar e viajar. Quando posso, procuro conhecer novas culturas e paisagens. Quando não, me dedico aos livros de Direito e tenho o hábito de assistir desfiles antigos das escolas do Rio de Janeiro”.

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