Embalada no amor fraternal do Dia das Mães, a coluna Perfil desta edição salienta a importância da estrutura na formação familiar, através de uma das lideranças do projeto Acustra, Associação Cultural, Social e Terapêutica da Região da AMUREL e Oásis do Bem. A lagunense apresenta aos leitores do JL um pouco mais sobre as ações do trabalho social que auxilia 75 crianças carentes em nossa cidade. Em uma tarde qualquer, durante uma reunião, o administrativo acusou a falta frequente de duas crianças. Preocupadas, as assistentes sociais foram in loco saber o que se passava. Ao chegar na casa, descobriram que o pai, pedreiro, havia sido acusado de estupro. Condenado, tinha deixado de receber seus rendimentos e a mãe, perplexa com a situação, caiu em uma forte depressão. Sobrou aos filhos de 8 e 12 anos, “administrarem” a casa e o rumo de suas vidas. São histórias assim, que o grupo se depara diariamente e tenta, de alguma forma, amenizar o fardo na vida de crianças que serão o futuro de nossa sociedade. Praticante da doutrina espírita, formada em Serviço Social, Contabilidade e Terapia de Florais, a focalizada recorda a forma que a Acustra começou: “Sempre soube que meu destino seria na área assistencial, até que um dia, através de um sonho, me vi auxiliando algumas pessoas. Coincidentemente, tempos depois, me deparei em uma situação a qual tive que ir até o presídio. Lá, tive a resposta para as minhas perguntas. Começava ali o projeto”. Desde então, Andréa montou sua equipe e iniciou sua atividade junto aos presos, dando um suporte psicológico e espiritual: “A família que deixaram lá fora era quase que unanimidade nas conversas e o apelo para que de alguma forma as esposas e filhos fossem cuidados e auxiliados fez nascer o Oásis do Bem, criado em 2011”. Com sede no Centro Administrativo Hidemburgo Moreira, a ação que atualmente conta com 12 oficinas, desenvolvidas por voluntários, que muito além de ocuparem o tempo das crianças, estimulam na formação do caráter e dos valores: “ Buscamos mostrar a importância do dividir, de colocar amor no que se faz e cabe ao papel do coordenador da oficina, valorizar o resultado apresentado por cada uma deles, para que as crianças se sintam úteis e capazes”. Entre as aulas, destacam-se as de informática, culinária, reforço escolar, pintura em tecido, dança e artesanato: “O perfil de nossos professores são os mais diversos. E aproveito a oportunidade para deixar aqui o apelo, já que toda ajuda é bem vinda. Todos sabemos fazer alguma coisa, e dividir este dom com o próximo só tende a nos fazer melhores. Nosso trabalho está de portas abertas”. Casada com Marcelo e mãe de Renata e Marcelo André, nas poucas horas que lhe restam de folga, Andréa prefere estar na companhia da família: “Gostamos de estar todos juntos, seja praticando um esporte ao ar livre, na praia, passeando, prezo muito pelo meu lado mãe, e creio que ainda que a dupla jornada seja algo tão corriqueiro nos dias de hoje, é preciso salientar que cabe a quem deu o dom da vida, não apenas gerar, mas criar o filho. Em meu convívio diário com essa desestrutura social, vejo o quanto um lar estruturado faz a diferença na criação do indivíduo”.
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