Laguna poderá se tornar um polo na geração de energia através dos ventos
Nos próximos dias, a Fundação do Meio Ambiente de Santa Catarina – FATMA poderá emitir a Licença Ambiental Prévia do “Complexo Eólico Lagunar”. Se a obra da Ponte Anita Garibaldi, executada entre2012 e 2015 chamou a atenção, não apenas pela sua grandiosidade e inovações tecnológicas de engenharia civil, mas também pelos investimentos de mais de 600 milhões de reais em sua construção, o que esperar de um parque eólico que custará R$ 1,8 bilhão? Sim, o “Complexo Eólico Lagunar”, compotência a ser instalada de 568 MW custará três vezes mais do que o valor investido na construção do nosso mais novo cartão postal.Com previsão de instalação de 249 aerogeradores, como são chamadas tecnicamente as torres eólicas de geração de energia, o projeto arrecadarádezenas de milhões de reais durante a sua implantação em ISS para o município, e outros tantos milhões anuais deste mesmo imposto na fase de operação dos empreendimentos. Laguna poderá viver uma “nova era”, se estes recursos forem bem investidos pelos futuros gestores municipais. Outro projeto, denominado “Complexo Eólico Nova Laguna”, pretende implementar outros cinco parques eólicos no município, com instalação de 70 aerogeradores e investimentos de R$ 800 milhões. A expectativa desta empresa é participar do leilão de energias da ANEEL em novembro deste ano, e colocar o parque em operação no segundo semestre de 2017.
Como surgiu a energia eólica no Brasil?
Segundo a Associação Brasileira de Energia Eólica, a “energia dos ventos” no Brasil teve seu primeiro indício em 1992, com o início da operação comercial do primeiro aerogerador instalado no País, que foi resultado de uma parceria entre o Centro Brasileiro de Energia Eólica (CBEE) e a Companhia Energética de Pernambuco (CELPE), através de financiamento do instituto de pesquisas dinamarquês Folkecenter. Essa turbina eólica, de 225 kW, foi a primeira a entrar em operação comercial na América do Sul e se localizada no arquipélago de Fernando de Noronha.
Atualmente, o Brasil já possui uma produção significativa de energia eólica?
A resposta é sim! Aproximadamente 5% da energia elétrica do país já ésuprida pelos mais de 167 parques eólicos espalhados pelo Brasil. A previsão para 2019 é de que 10% da energia nacional seja oriunda de aerogeradores, com mais de 10 GW de energia eólica em operação na matriz elétrica brasileira. A energia eólica pode ser considerada uma das mais promissoras fontes naturais de energia, principalmente porque é renovável, ou seja, não se esgota, é limpa, amplamente distribuída globalmente e, se utilizada para substituir fontes de combustíveis fósseis, auxilia na redução do efeito estufa.
Qual a importância de Laguna (SC) no cenário eólico?
De acordo com o Atlas do Potencial Eólico Brasileiro, publicado em 2001, três regiões catarinenses se destacam no quesito potencial para produção de energia a partir dos ventos: Água Doce, Bom Jardim da Serra e Laguna. E outra boa notícia, o município de Laguna é considerado o de maior potencial do Estado. Temos os melhores ventos de Santa Catarina para os aerogeradores! No entanto, Água Doce e Bom Jardim da Serra concentram os 15 maiores parques eólicos de Santa Catarina e Laguna, bom… Aqui, por enquanto, as torres estão apenas no papel.
Os aerogeradores utilizarão extensas áreas de terra?
Não! Apesar de cada torre eólica ter 120 metros de altura, equivalente a altura de três “Cristos Redentores”, no solo, a sua base ocupa uma área de, no máximo, 50 metros quadrados. Tamanho médio de uma sala de aula. Os aerogeradores serão instalados em uma área total de 5.000 hectares, na “região de Ilha”, como são conhecidas as comunidades do outro lado do canal da Barra de Laguna. As torres serão construídas em locais de agricultura e pecuária, como pastagens, áreas de arroz irrigado e fazendas de camarão. Os proprietários das terras, num total de 58 arrendatários, poderão continuar praticando suas culturas atuais em suas terras. Se a carcinicultura voltar, ótimo, é só colocar água nos viveiros e voltar a produzir camarão marinho! Se o arroz estiver em alta, basta produzir e colher. Com os lucros da geração de energia, segundo estimativas da empresa RDS Energias Renováveis Ltda., os arrendatários dividirão lucros de cerca de 3,6 milhões de reais/ano.
*Em uma coluna futura, abordaremos os possíveis impactos positivos e negativos da instalação dos complexos eólicos em Laguna, como também discutiremos o parecer das quatro câmaras técnicas da Área de Proteção Ambiental (APA) da Baleia Franca, que atualmente estudam a matéria.