Se no último Natal o clima de solidariedade e amor se fez presente no Asilo Santa Isabel, a comemoração da Páscoa promete momentos de semelhante emoção. A equipe de voluntários responsáveis pelo projeto “Natal Feliz no Asilo Santa Isabel”, ainda essa semana, lançou nas redes sociais a campanha “Uma Páscoa mais doce aos nossos velhinhos”. O objetivo da ação é arrecadar o maior número de ovos de chocolate e bombons que serão entregues no dia 16 de abril, domingo de Páscoa. Segundo a coordenadora do projeto, Talita Santos, a feliz iniciativa que ganhou uma proporção além do esperado no Natal, promete ser sucesso novamente: “A nossa ideia é arrecadar doces em geral e também produtos de higiene pessoal, em especial desodorantes e spray. Esses kits serão entregues aos afilhados no domingo de Páscoa”.
Os interessados em apadrinhar um idoso, podem entrar em contato através da página do projeto no Facebok “Natal Feliz Asilo Santa Isabel” ou pelo telefone (48) 998408401, com Talita.
“Dar abrigo e sustento às pessoas com mais de 60 anos, de ambos os sexos, sem distinção de crença, que por decrepitude ou aleijão, não possam dar-se a qualquer trabalho, ou não tenham quem os abrigue ou sustentem”. Uma história que fará perceber que a caridade, a compaixão, a solidariedade e o amor ao próximo, foram o suporte que sustentou a caminhada desses 67 anos, pelo Asilo Santa Isabel. Sabe-se que a ideia de construir um asilo em nossa cidade, data de 19 de fevereiro de 1915 e partiu da Associação Damas de Caridade, cujas integrantes, durante reunião na sacristia da Igreja Matriz de Santo Antônio dos Anjos, constataram a situação de carência e abandono em que se encontravam os idosos e deficientes de Laguna e de toda a região. Ali mesmo, ao final da reunião, foi lavrada uma ata, então assinada pelo Cônego Francisco Giesbert, pároco e também diretor da Associação e por Almerinda S. Trindade (presidente), Olívia dos Santos Bessa (tesoureira) e Honorata Duarte Freitas (secretária). Em 29 de abril de 1920, a Associação Beneficência Lagunense, uma outra instituição existente desde 1903, fundada por Antonio Fernandes Viana, que se propunha oferecer abrigo e sustento à velhice desamparada, adquiriu, por 20$000.00, (vinte conto de réis) o terreno onde se encontrava construído o Palacete Santhiago, no bairro de Magalhães. Em 20 de julho de 1934, a entidade encampou definitivamente a idéia Asilo de Mendicidade, já que o projeto não saia do papel. Na verdade, com projetos arrojados, a Associação partiu para a aquisição da área baldia ao lado do Palacete, investindo mais 3.800$000, exatamente no dia 8 de agosto de 1939. Foi definido que como principal critério para internação, era a velhice, a pobreza e o comprovado abandono, com cada pedido sendo analisado em reunião, com a decisão de diretoria, após minuciosa análise, sendo pautada na misericórdia e compaixão a essas pessoas que, no ocaso da vida, não teriam a quem recorrer. Todos os integrantes da Associação sabiam que a grande preocupação era a de angariar fundos para prestar um melhor serviço social e dar aos velhinhos abrigados, uma condição mais humana. Assim, enquanto aconteciam os trabalhos de reforma, medidas emergenciais eram tomadas para abrigar alguns idosos que já estavam sem teto, sendo acolhidos em uma casa alugada na rua Santo Antônio, no centro da cidade, no próprio palacete e num terreno da própria associação, no Campo de Fora. Em 1938, foi eleita e empossada uma nova diretoria da Associação, tendo na presidência Joana Daux Mussi, vice Bernardino Guimarães Cabral, 1ª secretária Yvone Cabral Baumgarten, 2ª secretária Conceição Cabral Teixeira, 1º tesoureiro Olympio Pacheco dos Reis e 2º tesoureiro Antonio Baião. A pedra fundamental de construção do Asilo, aconteceu em 17 de setembro de 1939, com cerimônia de benção realizada pelo Padre Bernardo Philipe, então pároco da cidade. As obras foram iniciadas com recursos da Associação, conquistados através de quermesses e outras iniciativas, além de contar com o auxílio permanente do dr. Francisco Benjamim Galloti que, mesmo residindo no Rio de Janeiro, angariava valiosas contribuições.
Outros números do Asilo
Hoje, dirigida pela Irmã Dalva de Oliveira Primo, que veio do Mato Grosso, a querida instituição, abriga nada menos que 32 internos, contando com 27 empregados e centenas de voluntários, que praticamente se revezam na busca de manutenção da querida instituição.
Por que Santa Isabel
Rainha de Portugal, Padroeira do Asilo, conhecida pelo milagre das rosas. Conta a história que, certo dia, Isabel ao sair de casa para dar alimentos aos pobres, foi interceptada pelo marido, Dom Diniz, que era contrário as suas generosas atitudes. Ao perceber a sua presença, ela colocou seu chapéu sobre os alimentos e quando o marido lhe obrigou a o mostrar que ela trazia, em vez dos alimentos, surgiram lindas rosas. Filha de Dom Pedro III, Rei de Aragão e Dona Constância, nascida em 1271, numa das mais esmeradas cortes da Europa, era casada com Dom Diniz, Rei de Portugal, com o qual teve um casal de filhos. Só que a infidelidade do marido, fê-la criar filhos adulterinos. Isabel abandonou os palácios reais e sob o hábito franciscano, dedicou-se exclusivamente ao serviço de Deus e dos pobres. Pelo seu trabalho persistente, pela sua ação moral, pelo seu inabalável espírito de oração e sacrifício, afastou ruínas e sangue da península ibérica. Morreu em Extremaz, em 4 de julho de 1336, com 66 anos de idade. Trezentos anos depois de sua morte, seu corpo foi encontrado intacto. O Papa Urbano VIII declarou-a Santa em 25 de maio de 1625 e fixou sua festa em 8 de julho.
De Asilo a Quartel Militar
Em 1941, prestes a ser inaugurado, com a 2ª Guerra Mundial, eis que o prédio foi cedido ao 3º Grupo do 1º Regimento de Artilharia Mista, sucedendo ao criado12º Grupo Móvel de Artilharia de Costa, (comandado pelo blumenauense Teodoro Pfifer, que em seguida casou-se com uma lagunense, dona Leda Queiroz, ambos já falecidos e que por muitos anos residiram no bairro de Magalhães). Em 1945 o prédio foi desocupado, com novas campanhas sendo desenvolvidas até mesmo para recuperá-lo, já que suas instalações foram entregues, pode-se dizer em “petição de miséria”.
A inauguração
Com solenidades presididas pelo Monsenhor Francisco Giesbert, finalmente aconteceu a inauguração, contando com a presença de todos aqueles que de uma forma ou de outra, contribuíram para a sua conclusão. Mas a acolhida aos idosos, só veio a acontecer com a chegada das Irmãs da Divina Providência, (Irmãs Justina Rocha, Joaquina, Margarida, Leonilda e Escolástica) justo em 15 de fevereiro de 1950, quando assumiram a direção interna do Asilo. Ao longo de sua existência, o Asilo tem registrado em seu livro de visitas, entre outras, do Cardeal Dom Jaime de Barros Câmara e Reverenda Madre Giovanna Zonca (Superiora Geral das Irmãs Beneditinas da Divina Providência).
A morte de dona Joana Daux Mussi
Entre as mais dedicadas às causas do Asilo, aliás por mais de trinta anos, a morte de dona Joana Daux Mussi, em 1968, deixou um sentimento de tristeza e pior, a dor da orfandade caiu como uma sombra sobre a família asilar. Mas era preciso continuar a grande obra, como se dona Joana ainda lá estivesse. O então vice, Bernardino Guimarães foi eleito presidente e deu continuidade aos trabalhos, e, junto com seus companheiros de diretoria, já em 1970, através do programa “ Aliança para o Progresso”, estabelecido para atender entidades de países subdesenvolvidos, fez com que a nossa instituição passasse a receber gêneros alimentícios, via Cáritas, direto dos Estados Unidos. Assim também foi com o Plano Nacional do Carvão, que por um bom tempo igualmente contribuiu e muito. Mas logo vieram as “vacas magras”, as dificuldades e então, as senhoras Victória Dib Mussi e Ivone C. Baumgarten, com um “ livro de ouro” percorreram toda a praça, aí angariando donativos para garantir o Natal que se aproximava. Já era 1974 e uma nova diretoria estava eleita, saindo Bernardino Guimarães, que participou por exatos 33 anos, nos mais variados cargos e, agora então tendo José Duarte Freitas como presidente, Emma Werner de Miranda, vice-presidente, Ivonne Cabral Baumgarten, 1ª secretária, Nail Lima Ulysséa, 2ª vice, Victória Dib Mussi, 1ª tesoureira e José Paulo Arantes, 2º tesoureiro. Acometido de grave enfermidade, José Duarte Freitas ficou por pouco tempo, assumindo em seu lugar dona Emma Werner de Miranda, aliás sempre contando com o apoio do esposo, dr. Pedro Advíncula Torres de Miranda e filhos. 1974 foi o ano da terrível enchente que assolou a região e especialmente as instalações do nosso Asilo, precisando uma vez mais, do apoio de toda a comunidade para a sua recuperação. Veio 1977 e com ele uma nova diretoria, aparecendo na presidência, Walter Baumgarten Júnior, mais um baluarte, como aliás foram aqueles que o antecederam. Entre suas ações, uma ganhou destaque especial: foram conquistados junto ao governo estadual, na gestão de Antonio Carlos Konder Reis, recursos na ordem de C$ 240.000,00, investidos em melhorias significativas, possibilitando a firmatura de convênios com o INSS e LBA, e assim garantindo um auxilio mensal. Em 1981 foi formada a primeira equipe técnica do Asilo, com o médico, Airton dos Anjos Moraes, a assistente social Marilene Carvalho Bonetti, a então estagiária de Serviço Social, Lúcia Medeiros Gaspar, fisioterapeuta Josefa Pereira Michel, enfermeira Ana Maria Barbosa Palma, a recreadora Rosemary Rita, orientadora de trabalhos manuais Maria Gomes Eleodoro e as Irmãs Dorothéa Cipriano e Ana Lúcia Antonio. Mas as dificuldades continuavam. Era preciso renovar a diretoria, até em função de alguns membros estarem adoentados. Então foi sugerido passar a entidade, doá-la para as Irmãs Beneditinas da Divina Providência, o que aconteceu durante assembleia geral extraordinária que foi realizada no dia 5 de setembro de 1986, no Clube Congresso Lagunense, com o então Asilo de Mendicidade Santa Isabel, passando a chamar-se somente Asilo Santa Isabel. A importância das queridas e dedicadas irmãs, aliada ao apoio de voluntários, muitos deles “anônimos”, é um registro vivo de um marco do respeito à velhice, alicerçada pela fé e coragem de todos.
Histórias
Entre as inúmeras histórias que se conta de épocas, as mais diferentes, consta uma envolvendo uma menina, de nome Orandina. Ligam do Hospital de Caridade, informando que lá se encontrava internada uma menina que teria sido atropelada por um caminhão, perto de sua casa, em Vila Nova (Imbituba) e no qual tinha perdido uma perna, fato que deixou sua família, bastante preocupada que, carente, estava impossibilitada de cuidá-la, sugerindo que ficasse no Asilo, com o que, excepcionalmente, concordou a diretoria. Aliás, ainda em vida, uma das diretoras, dona Yvonne Cabral Baumgarten contou que chegou a ir ver in loco as condições da família, constatando o grau de pobreza em que vivia, com a própria mãe sugerindo que ela viesse ou até fosse adotada pelo Asilo. E assim ela foi crescendo e com a ajuda de pessoas como Godofredo Marques Filho e Gualter Pinto Veiga, foi lhe conseguida uma perna mecânica em Curitiba. De posse dela, Orandina voltou contente e disposta a completar o ginásio no Colégio Stella Maris, fechando com a conquista do diploma de normalista, isso exatamente no dia 12 de dezembro de 1970, dando-lhe condições de ir dar aula em Vargem do Cedro (São Martinho), com dirigentes e apoiadores do Asilo sentindo-se gratificados pela já ex-interna da instituição.
Asilo Santa Isabel
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