Aquicultura e Pesca

Balança comercial de pescados no Brasil: Será que “tá tranquilo, tá favorável”?

A coluna desta semana discute sobre a comercialização de pescados no Brasil, e se o clima realmente está “tranquilo e favorável” em relação as exportações e importações. Além disso, de acordo com o cenário dos últimos anos, será que devemos repensar o rumo que está tomando nossa balança comercial?
Para uma maior reflexão, vale a pena trazer alguns números. De acordo com o Sistema de Análise das Informações de Comércio Exterior (AliceWeb), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, as exportações de pescados de 2005 a 2015 reduziram de 117.512 para 52.217 toneladas. No entanto, em 2016 já registramos 63.554 toneladas em exportações, um aumento de mais de 20% em relação ao ano anterior. Especificamente para os camarões marinhos, exportávamos em 2005 um volume de 15.225 toneladas, representando um valor de US$57 milhões de dólares em exportações deste crustáceo. Em 2015, uma década após, exportamos míseras 20 toneladas, representando um valor de US$100 mil dólares. Este ano a tendência é de melhoras, pois já foi registrado 264 toneladas em exportações, com valores em torno de R$1,5 milhões de dólares.
E como está o cenário das importações de pescados? Será que nos últimos anos está aumentando a compra de produtos de outros países ou estamos cada vez mais autossuficientes para abastecer nosso mercado? De acordo com a mesma Aliceweb, em 2005 importávamos 59.030 toneladas de pescado com um valor de US$ 121 milhões de dólares. Em 2015, mais que dobramos nossas importações, com 145.444 toneladas e um valor de comercialização de US$558 milhões. Realmente o pescado caiu no gosto do brasileiro. Dentre os países que mais importamos, destaque para a China, Chile, Argentina, Noruega e Vietnã. Algo bem interessante é que da China importamos os mais diversos produtos (incluindo até salmões), que vem de outras partes do mundo. Ou seja, a China (e diversos outros países) acabam se tornando “atravessadores” na comercialização. Talvez a grande chave do sucesso deles é garantir bons preços e volume dos produtos exportados, algo que por aqui é cada vez mais difícil.
Estes dados demonstram claramente que a demanda e o consumo de pescado no nosso país está crescendo, está em franca expansão e ainda existe muito mercado interno para ser explorado. O brasileiro quer e está comendo mais pescado. No entanto, os gargalos ainda existem e temos que tentar colocar nas prateleiras produtos mais competitivos, com preços mais atraentes e com qualidade superior. Políticas públicas eficientes e uma boa dose de planejamento serão fundamentais para atingir estas metas. Este é o desafio! O mercado tá sim “favorável”, mas ainda estamos longe de estar “tranquilos”.

Por:
Prof. Dr. Eduardo Guilherme Gentil de Farias, Engenheiro de Pesca
Prof. Dr. Giovanni Lemos de Mello, Engenheiro de Aquicultura
Prof. Dr. Jorge Luiz Rodrigues Filho, Biólogo
Prof. Dr. Maurício Gustavo Coelho Emerenciano, Zootecnista
aquicultura.pesca@gmail.com

Deixe seu comentário