No dia 25 de janeiro de 2020 se celebrou em Brumadinho-MG um ato de recordação do trágico desastre criminoso do rompimento da barreira da Vale S.A. Ferem-nos os olhos e rompem os nossos corações aquelas imagens mostradas pela TV: a liberação de 12 milhões de metros cúbicos de rejeitos, o sepultamento sob ondas de lama e morte de 274 pessoas, os danos à economia de milhares de famílias camponeses, indígenas e quilombolas, os impactos químicos dos metais que vão se sedimentar no fundo dos rios, a contaminação dos ecossistemas, da flora, da fauna e das matas ciliares dos rios. A velocidade da onda assassina era de 80 km por hora. È o maior desastre de mineradoras do mundo, com mais vítimas do que aquele de Stava na Itáli em 1985 que dizimou 267 pessoas. Aqui foram 274.
A celebração foi minuciosamente preparada, com uma grande romaria, acorrendo pessoas de todas as partes do Brasil e de diversas igrejas.O lema era:”Porque a vida Vale mais”. Ou:”A vida Vale mais do que o lucro”. O momento talvez mais comovedor ocorreu na “mística” feita pelos parentes das vítimas, com testemunhos, poesias e cânticos e a soltura de 274 balões (número das vítimas) com a inscriação:”Dói demais o jeito que vocês foram embora”. Eles subiram para o alto, rumo ao céu, onde as vítimas, chamadas de “nossas jóias”, estarão no seio de Deus Pai e Mãe de infinita bondade.
Para todas as instâncias até oficiais houve descaso culposo da Vale, mesmo ciente na insegurança da barragem e dos riscos para as populações circunvizinhas. Por isso não ocorreu um acidente mas um tragédia criminosa cujos responsáveis estão sendo indiciados por vários tipos de crime.