A coluna desta semana traz a tona uma discussão que estarreceu os brasileiros nos últimos dias e possivelmente será mais uma “ducha de água fria” para economia nacional: os escândalos relacionados ao pagamento de propina a fiscais do MAPA (Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento) liberando a comercialização de carnes adulteradas e/ou com qualidade duvidosa.
Segundo diversas agências de notícias, como a Rede Globo, exibindo matéria em seu horário mais nobre (programa Fantástico, exibido no último domingo 19/03), grandes empresas do ramo estão sendo investigadas incluindo prisões, mandados de busca e apreensão e até fechamento de frigoríficos. No domingo (19/03) a Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA) do MAPA divulgou nota em seu site sobre as medidas adotadas, entre elas, a interdição dos estabelecimentos BRF S.A., localizada em Mineiros/GO, Peccin Agro Industrial Ltda, localizada em Curitiba/PR e Peccin Agro Industrial Ltda – EPP, localizada em Jaraguá do Sul/SC. Além disso auditorias especiais serão realizadas nas mais de 15 empresas citadas na Operação “Carne Fraca” da Polícia Federal e ainda foi determinada pelo MAPA a abertura de processo de sindicância quanto às supostas práticas irregulares cometidas pelos servidores e a exoneração dos servidores e demais ocupantes de funções de chefia citados na Operação.
Meca do pescado catarinense: Mercado público de Florianópolis (Fonte: http://wp.clicrbs.com.br)
Em meio a este turbilhão de emoções e escândalos, vale refletir uma questão importante: seria este o momento de divulgar e fomentar ainda mais o consumo do pescado nacional? Com a Semana Santa chegando, será que todos os brasileiros reconhecem as qualidades e vantagens de consumir a proteína oriunda do pescado? Se sim, a quem caberia este papel? Governo ou iniciativa privada? Ambos? Quem seriam os órgãos representativos do setor que poderiam levantar essa bandeira e promocionar o pescado canarinho? Resposta difícil. E para “dificultar” ainda mais a situação nosso órgão mais representativo está de “mudança”. Como citado na coluna da semana passada, estamos enfrentando um momento de transição com a saída da pasta da “Aquicultura e Pesca” do MAPA para o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC).
Mesmo em meio a tantas mudanças, com certeza ainda é um bom momento de frisar o quanto é saudável consumir peixes, camarões, ostras, mexilhões, entre tantos outros, seja ele de cultivo ou oriundo da pesca. Entre as diversas qualidades, essas “carnes” trazem proteínas de altíssima qualidade e gorduras que fazem bem ao coração. Em meio a tantas emoções, com certeza devemos separar “o joio do trigo”. A alimentação do brasileiro é coisa séria e empresas que fraudam e ainda por cima denigrem a imagem do Brasil devem ser punidas. Neste sentido, faço votos de uma Aquicultura e Pesca fortalecida em nosso país. Um setor que por tantas vezes foi esquecido, merece sim seu lugar de destaque. “Carne fraca” nunca mais. Por pescado nacional forte para sempre!
Prof. Dr. Maurício G. C. Emerenciano, Zootecnista
