Aquicultura e Pesca

Como melhor proteger nossos plantéis? (Final)

Já os β-glucanos, por sua vez, possuem um outro mecanismo de ação. Uma vez presentes na ração chegam, também via bolo alimentar, ao trato gastrointestinal dos peixes ou camarões, sendo identificados por estes como “sinais de alerta”, o que estimula a produção de macrófagos, que são células do sistema de defesa que possuem a habilidade de fagocitar (comer/ingerir) restos celulares, partículas inertes e, principalmente, microrganismos, como as bactérias.
Adicionalmente, pesquisas recentes mostram que os macrófagos exercem outras funções além da fagocitária. Possuem, também, uma grande importância na imunomodulação, produzindo e secretando um grande número de moléculas que, entre outras funções, atraem outras células de defesa para locais específicos onde estejam ocorrendo uma reação inflamatória, por exemplo.
Os prebióticos, desta forma, possuem efeitos sinérgicos com os probióticos, e quando utilizados conjuntamente, passam a ser chamados e simbióticos.
Se, por um lado, as bactérias probióticas competem com as bactérias patogênicas por nutrientes e oxigênio, sendo a concentração de uma inversamente proporcional à da outra, os prebióticos podem ser ludicamente entendidos como “armadilhas” para capturar, inativar e/ou ingerir, de maneira efetiva, as bactérias danosas, abrindo assim espaço para uma melhor e mais efetiva colonização do trato digestório por bactérias benéficas aos camarões e peixes.
Uma rápida pesquisa no Google Acadêmico buscando por “immunitty in aquaculture’’ (imunidade em aquicultura) retornou 332.000 resultados em 8 segundos. Já “functional feeds in aquaculture’’ (alimentos funcionais na aquicultura) retornou 41.000 resultados em 4 segundos, ao passo que “prebiotics in aquaculture’’ (prebióticos na aquicultura) retornou 16.500 resultados em 5 segundos. Sem querer entrar no mérito da qualidade de alguns trabalhos, fato é que muito já foi proposto, investigado e testado com relação à melhoria da imunidade ou sistema de defesa natural de peixes e camarões, tendo algumas substâncias conseguido, conforme descrito acima, uma comprovada eficiência in vitro, in vivo e em condições de campo, em unidades produtivas comerciais.
Conclusão
Os prebióticos funcionam como um seguro, como uma proteção a mais de que os produtores de camarão e peixes podem se valer para minimizar riscos, promovendo um melhor status imunológico e, consequentemente, uma maior resistência a doenças por parte destes animais.
Desta maneira passamos a conhecer um pouco mais sobre o que são e quais as funcionalidades de alguns prebióticos, a maneira como agem e seus efeitos sinérgicos com os probióticos. Cabe destacar, ainda, que os prebióticos produzido à base de parede celular de levedura também possuem efeitos sinérgicos com vacinas (no caso de peixes) e, inclusive, com agentes antimicrobianos, como adjuvante na terapia.
Cabe agora a decisão, por parte dos produtores e seus fornecedores de ração, de avaliarem a viabilidade da utilização dos prebióticos ao longo de todo o ciclo de produção, uma vez que na maioria das vezes, na prática e em campo, não se tem como antever quais serão os viveiros infectados, quando o serão e em que grau.
Por Marcelo Borba – Gerente Técnico Comercial – Aqua e Phileo Lesaffre – Animal Care
http://www.aquaculturebrasil.com/2018/06/26/medidas-preventivas-e-sanidade-na-aquicultura/

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