Cadeia produtiva da aquicultura brasileira
A aquicultura brasileira possui um crescimento médio de mais de 10% ao ano, como observado na Figura 1, o histórico estatístico do crescimento de produção de ração para aquicultura no Brasil obtido do Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação – Sindirações.
Em cada segmento desta cadeia produtiva observa-se alguns desafios que tem influenciado na competitividade do pescado da aquicultura. Constata-se que temos o pescado de aquicultura, como uma proteína animal “cara”. Isto tem uma influência na comercialização, pois a maioria das espécies oriundas da pesca possuem uma “certa elasticidade de mercado”, e principalmente em relação ao preço, este tem a capacidade de influenciar na decisão de compra. Por exemplo: quanto mais baixo o preço do produto, maior o leque de compradores, e o inverso é verdadeiro, ou seja, quanto maior o valor restringe-se o número de compradores para adquirir o produto.
Este fator justifica em parte porque o pescado ainda é apenas a 4ª proteína animal mais consumida no país. Mas no aspecto econômico, tal fato influencia a balança comercial, tendo como agravante que a cada 1 US$ (um dólar) que exportamos de pescado, o Brasil importa 5 US$ (cinco dólares). Uma relação desigual e preocupante (Figura 2).
Há exemplos desta fragilidade como a cadeia da tilápia, onde nas indústrias pequenas e médias, entra uma (1) tonelada de matéria prima e sai apenas 300kg, que é o filé de peixe, ou seja, um baixo aproveitamento de 30%, e com agravante que todo o custo de uma (1) tonelada será absorvido por esses 300kg, tornando um preço elevado do produto final, exatamente por não haver agregação de valor.
Representatividade institucional e do setor produtivo
Um outro fator são as representações tanto dos produtores (setor privado) como do governo (setor público). Neste ponto, observa-se um avanço significativo do setor produtivo, com a consolidação de entidades mais representativas e mais profissionais, como a Associação Brasileira de Piscicultura – Peixe BR e a Associação Brasileira de Criadores de Camarão – ABCC. Sendo as entidades nacionais que representam o setor, e tendo o apoio de entidades regionais. Havendo também algumas entidades bem atuantes junto ao setor, contribuindo para melhoria e consolidação da cadeia produtiva aquícola, como a Comissão de Aquicultura da CNA e o Comitê da Cadeia Produtiva da Pesca e da Aquicultura da Fiesp (Compesca) de São Paulo, entre outras.
Do lado governamental, o órgão dentro do governo responsável pelas políticas públicas e pelo desenvolvimento e fomento para aquicultura, está restrito a uma pequena estrutura e com número reduzido de pessoal, que apesar de serem competentes, tem-se mostrado em número insuficiente para atender às necessidades mínimas do setor aquícola.
Por Rui Donizete Teixeira – Médico Veterinário e Especialista em aquicultura desde 1983 com Especialização em Inspeção e Tecnologia de alimentos. teixeirabr@gmail.com
Fonte:http://www.aquaculturebrasil.com/2018/09/16/competitividade-passaporte-da-aquicultura-brasileira-para-o-mundo/