Impossível falar de liderança sem falarmos de autogestão. E, confesso que me impressiono com essa falta de habilidade de muitos executivos e líderes. Essa falta de habilidade nem sempre é consciente. Quando os questiono, alguns expressam que conhecem alguns pontos fortes e que, com certeza, conhecem suas fraquezas. Será?
O que percebo quando converso com a equipe dos gestores e executivos é que as falhas percebidas pela equipe passam longe daquelas que são conscientes para os executivos.
Baseado em um artigo da Harvard Business Review Brasil, os números de uma pesquisa comprovam isso, os executivos ao serem avaliados pela equipe recebem escores muito baixos em uma área ou mais e, geralmente, desconhecem as suas falhas fatais.
Todos os profissionais possuem fraquezas, isso é fato, pela nossa condição humana. Quando falamos de falhas fatais são aquelas que afetam a eficácia de uma pessoa, que fraquezas levem não provocam. E a cegueira executiva causa um dano muito grande para a equipe, para a organização e para a carreira do líder.
É importante deixarmos claro que os líderes não precisam ser excelentes em tudo, mas não podem ser um fracasso total em uma determinada área e ainda ter sucesso.
Se você é um líder deve estar pensando porque é tão difícil reconhecer suas falhas. Os pontos fortes são reconhecidos com mais facilidade porque há evidências no comportamento do líder que reforçam inclusive a produção positiva e um resultado comercial positivo. Por exemplo, ter clientes felizes, receber prêmios, ser resolutivo, etc. Com as fraquezas – especialmente as falhas fatais – ocorre o oposto. Falhas fatais são “culpas de imperfeição”. Elas resultam da dúvida, do líder procrastinar e não fazer nada. Naquela mesma pesquisa, algumas das falhas fatais mais frequentes são a falta de pensamento estratégico, não assumir a responsabilidade pelos resultados e não construir relacionamentos fortes.
No dia a dia percebemos falhas representadas por projetos inacabados, feedbacks mal conduzidos – às vezes nem realizados. Metas não atingidas, contratos sem êxito, etc. Ou seja, as falhas impedem os líderes de realizar.
E, como virar esse jogo?
Aceitar que mesmo que você seja muito bom, você terá falhas, às vezes impactantes. Tornar-se autoconsciente é um grande passo e, com certeza, um diferencial. Para ser autoconsciente é preciso a cada fim de dia fazer uma reflexão sobre suas atitudes.
Considere feedbacks recebidos, contate pessoas de sua equipe e as questione sobre sua conduta, procure pessoas espontâneas e que não tenham receio em lhe falar a verdade.
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Essas são opções que poderão ajudá-lo a obter uma melhor compreensão de suas fraquezas e encontrar maneiras de minimizá-las.
Se você é um gestor, líder ou executivo, pense sobre isso, afinal um terço dos líderes têm uma falha fatal e, se você está rodeado de mais de duas pessoas, olhe ao redor. Se, na sua opinião, nenhum desses dois colegas têm uma fraqueza realmente séria, então, estatisticamente, onde está o problema? A vantagem é que não existe um modelo ideal, existe um modelo que precisa ser superado – seja você a sua própria referência.
Por Letícia Zanini – Master Coach, Psicóloga e Diretora da Perfil Dois Coaching e Assessoria.